“Sou feito da inteira evolução da Terra; sou um microcosmo do macrocosmo. Nada há no universo que não esteja em mim. O inteiro universo está encapsulado em mim, como uma árvore numa semente. Nada há ali fora no universo que não esteja aqui, em mim. Terra, ar, fogo, água, tempo, espaço, luz, história, evolução e consciência – tudo está em mim. No primeiro instante do Big Bang eu estava lá, por isso trago em mim a inteira evolução da Terra. Também trago em mim os biliões de anos de evolução por vir. Sou o passado e o futuro. A nossa identidade não pode ser definida tão estreitamente como ao afirmar que sou inglês, indiano, cristão, muçulmano, hindu, budista, médico ou advogado. Estas identidades rajásicas são secundárias, de conveniência. A nossa identidade verdadeira ou sáttvica é cósmica, universal. Quando me torno consciente desta identidade primordial, sáttvica, posso ver então o meu verdadeiro lugar no universo e cada uma das minhas acções torna-se uma acção sáttvica, uma acção espiritual”

- Satish Kumar, Spiritual Compass, The Three Qualities of Life, Foxhole, Green Books, 2007, p.77.

“Um ser humano é parte do todo por nós chamado “universo”, uma parte limitada no tempo e no espaço. Nós experimentamo-nos, aos nossos pensamentos e sentimentos, como algo separado do resto – uma espécie de ilusão de óptica da nossa consciência. Esta ilusão é uma espécie de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e ao afecto por algumas pessoas que nos são mais próximas. A nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos desta prisão ampliando o nosso círculo de compreensão e de compaixão de modo a que abranja todas as criaturas vivas e o todo da Natureza na sua beleza”

- Einstein

“Na verdade, não estou seguro de que existo. Sou todos os escritores que li, todas as pessoas que encontrei, todas as mulheres que amei, todas as cidades que visitei”

- Jorge Luis Borges

domingo, 18 de maio de 2014

Um excerto com as minhas declarações sobre o novo desígnio de Portugal

http://www.publico.pt/portugal/noticia/podemos-agora-ser-um-pais-normal-1636200

"Paulo Borges, filósofo e activista, líder do Partido pelos Animais e a Natureza (PAN), publicou em 2013, na Temas & Debates, um livro sobre a oportunidade que se oferece neste momento a Portugal de afirmar o seu papel no mundo. O último verso da Mensagem, de Fernando Pessoa, deu o título à obra: É a Hora!

“A minha interpretação da Mensagem é que há um sebastianismo activo. Há que descobrir o D. Sebastião que está dentro de cada um de nós. E a partir daí podemos reconstruir o país com base no autoconhecimento, na descoberta do que cada indivíduo realmente é. E podíamos pensar num país que não estivesse dominado por esta lógica do que eu penso ser uma fase terminal do capitalismo, esta fase produtivista-consumista, mas que tivesse como finalidade aquilo a que todos os seres humanos aspiram, que é serem felizes.”

Paulo Borges defende uma ideologia ambientalista, de sustentabilidade, energias renováveis, respeito pela natureza e os animais. Defende isto como um projecto para a humanidade, mas considera que Portugal pode desempenhar um papel especial neste processo de mudança de paradigma civilizacional.

“Portugal tem muitos recursos, em termos de energia maremotriz e energia eólica, e devíamos pensar em ter um país ético e sustentável, que vivesse fundamentalmente de energias limpas renováveis, que prescindisse dos combustíveis fósseis. Um país o mais possível sustentável em termos alimentares, que pratique uma agricultura biológica. E que esteja atento às recomendações da ONU quanto à necessidade urgente de reduzir o consumo de carne.”

Além das condições naturais, Portugal possui também uma tradição cultural propícia a um estilo de vida sustentável. O franciscanismo tem fortes raízes na religiosidade popular, bem como os cultos antigos da Natureza. “Uma nação não sobrevive sem um desígnio colectivo. Portugal teve-o até agora. Primeiro as Descobertas, depois o Oriente, África, o Brasil. Agora não temos. Já vimos que a Europa é madrasta.”

Ser a vanguarda mundial da mudança de civilização bem poderia ser o nosso desígnio, já que vivemos na frustração própria de quem foi corrompido pelos paradigmas dos países do Centro e Norte da Europa. Várias experiências estão a ser feitas. Um grupo de alemães que criou uma comunidade perto de Odemira “tem uma ideia messiânica para Portugal, que pode ser um mediador do Quinto Império. Portugal tem a vocação de ser uma alternativa em termos mundiais, em termos de um novo tipo de vida, sustentável, ecológica, respeitadora do ambiente e dos seres vivos”.

É claro que isso implicaria “reaprender uma vida mais simples”. Perceber que “o verdadeiro crescimento é o crescimento interior, não o económico. E os portugueses, até por via das circunstâncias, estão em condições de poderem compreender que se pode viver melhor com menos”. Para Borges, Portugal é, culturalmente, um país do Sul da Europa. “São povos avessos à ideologia do trabalho. Estão mais perto das culturas não europeias que privilegiam mais o lazer, mais o lúdico do que o trabalho, a vida como um jogo, o deleite, a busca da fruição, ter tempo, estar com os amigos, fazer o que queremos, olhar o mundo, não fazer nada. Acho que são valores civilizacionais que há que redescobrir.”

Paulo Borges, que tem hoje 54 anos, despertou para a consciência social e cívica com a Revolução do 25 de Abril. “Ao ver as pessoas, a efervescência, a vida nas ruas, senti que de facto tudo era possível. Podíamos organizar a sociedade de outro modo.” O que aconteceu depois foi para ele uma desilusão, como aconteceu com quase todos. “O verdadeiro 25 de Abril ainda não se deu”, pensa ele. E afinal quem não pensa e sente o mesmo?"

- excerto do artigo de Paulo Moura, hoje na revista do Público.

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