“Sou feito da inteira evolução da Terra; sou um microcosmo do macrocosmo. Nada há no universo que não esteja em mim. O inteiro universo está encapsulado em mim, como uma árvore numa semente. Nada há ali fora no universo que não esteja aqui, em mim. Terra, ar, fogo, água, tempo, espaço, luz, história, evolução e consciência – tudo está em mim. No primeiro instante do Big Bang eu estava lá, por isso trago em mim a inteira evolução da Terra. Também trago em mim os biliões de anos de evolução por vir. Sou o passado e o futuro. A nossa identidade não pode ser definida tão estreitamente como ao afirmar que sou inglês, indiano, cristão, muçulmano, hindu, budista, médico ou advogado. Estas identidades rajásicas são secundárias, de conveniência. A nossa identidade verdadeira ou sáttvica é cósmica, universal. Quando me torno consciente desta identidade primordial, sáttvica, posso ver então o meu verdadeiro lugar no universo e cada uma das minhas acções torna-se uma acção sáttvica, uma acção espiritual”

- Satish Kumar, Spiritual Compass, The Three Qualities of Life, Foxhole, Green Books, 2007, p.77.

“Um ser humano é parte do todo por nós chamado “universo”, uma parte limitada no tempo e no espaço. Nós experimentamo-nos, aos nossos pensamentos e sentimentos, como algo separado do resto – uma espécie de ilusão de óptica da nossa consciência. Esta ilusão é uma espécie de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e ao afecto por algumas pessoas que nos são mais próximas. A nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos desta prisão ampliando o nosso círculo de compreensão e de compaixão de modo a que abranja todas as criaturas vivas e o todo da Natureza na sua beleza”

- Einstein

“Na verdade, não estou seguro de que existo. Sou todos os escritores que li, todas as pessoas que encontrei, todas as mulheres que amei, todas as cidades que visitei”

- Jorge Luis Borges

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Entrevista a Paulo Borges - Presidente do PAN

A minha última entrevista sobre o novo paradigma, as eleições europeias e a política do coração e da consciência defendida pelo PAN.

O espelho foi talvez a mais perigosa invenção da humanidade

O espelho foi talvez a mais perigosa invenção da humanidade. Antes a imagem de si dependia da presença viva e real dos outros ou de um trémulo reflexo nas não menos vivas e reais águas do mundo. Depois passámos a ter um reflector fixo ou portátil, o sempre disponível suporte de uma consciência de si isolada e demasiado dependente da imagem física: sedutor convite a todos os autismos e narcisismos. O espelho, tal como a outro nível o pensamento, esse ainda mais perigoso espelho invisível, faz-nos crer que existimos realmente, separados da festa de todas as coisas. Ambos nos ajudam a encerrar-nos na auto-imagem e na solidão. Nesse sentido são poderosos aliados do ego. É por isso que uma certa superstição diz que partir um espelho provoca sete anos de azar. As superstições, tal como o ego, não gostam que nos libertemos. Vivamos sem espelhos. A realidade não carece de auto-imagem.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Universidade de Coimbra acolhe ciclo "Cinema e Espiritualidade" organizado na diocese | Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

Universidade de Coimbra acolhe ciclo "Cinema e Espiritualidade" organizado na diocese | Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

Estarei amanhã em Coimbra, na Casa das Caldeiras, às 21h, para apresentar o filme "Primavera, verão, outono, inverno... e primavera" (103 min.), do sul-coreano Ki-duk Kim (2003), no âmbito do ciclo "Cinema e Espiritualidade". Seguir-se-á um debate. Entrada livre.
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A obsessão com a identidade é sempre sinal de uma consciência perdida e infeliz

A obsessão com a identidade é sempre sinal de uma consciência perdida e infeliz. Os indivíduos e os povos felizes não se preocupam com a identidade. Vão sendo o que são sem se importarem com isso. A obsessão com a identidade tornou-se um mal bem português. Talvez seja por isso que no fundo aspiramos a diluir-nos no mundo, para nos livrarmos deste peso-pesadelo de andarmos sempre a questionar quem somos, de onde vimos e para onde vamos, às costas com um passado de que não nos libertamos - os Descobrimentos - , seja por frustração nostálgica da glória perdida, seja por trauma culpabilizante do que fizemos aos outros, a escravatura e o colonialismo. É a Hora de nos reinventarmos num presente justo e digno, nesta nesga de terra a contemplar o infinito do mar, num abraço universal a todos os povos e seres, mas sem mais fugas para a frente, como foram no passado o Oriente, o Brasil, a África e a Europa. É a Hora de nos descobrirmos por dentro, nós que nos encobrimos ao descobrir o mundo por fora.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

A razão pela qual cada língua é um sistema de de-formação da realidade


A razão pela qual cada língua é um sistema de de-formação da realidade. A razão pela qual o silêncio interior ou o jejum dos pensamentos-palavras é fundamental para ver as coisas como são:

“Não é que a linguagem crie a realidade, mas aquilo que nos aparece como realidade [...] é o resultado das categorias - fundamentalmente linguísticas – que impomos ao mundo. Experimentamos o mundo através destas categorias que, por outro lado, nos ajudam a dar forma às nossas experiências. O mundo não se nos apresenta compartimentado em objectos e experiências, porque o que nos aparece como objecto é já um produto do nosso sistema de representação. O erro consiste em crer que a linguagem só se limita a atribuir etiquetas que nos permitem identificar os objectos. Na minha opinião, somos nós que dividimos o mundo e a linguagem é a nossa principal ferramenta para isso. Em última instância, a nossa visão da realidade está determinada pelas nossas categorias linguísticas”

- John Searle

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Curso de Introdução à Meditação - nível I (orientado por Paulo Borges) - 10, 17 e 24 de Fevereiro, 19.30-22h


Dias 10, 17 e 24 de Fevereiro, 19.30-22h
Av. Cinco de Out., 122, 8º esq, Lisboa (Sede da UBP)

CURSO DE INTRODUÇÃO À MEDITAÇÃO - NÍVEL I (Paulo Borges)

Data e horário (3 segundas feiras):
DIAS 10, 17 e 24 de Fevereiro, 19.30-22h

*O curso é uma introdução à experiência da atenção plena e ao modo de a integrar em todas as situações da vida quotidiana. Trata-se de não separar a meditação e a vida, encontrando numa mente calma, clara e aberta uma via para uma existência mais plena, livre e solidária. A aprendizagem dos métodos tradicionais de meditação será complementada com os Catorze Treinos da Atenção Plena de Thich Nhat Hanh. *
*Além dos imensos benefícios psicossomáticos, a prática regular da meditação é uma via para o autoconhecimento e para uma vida pessoal, familiar, escolar, profissional e cívica mais consciente, harmoniosa e ética, na relação com os outros seres e o mundo.*
*A meditação é uma experiência independente de qualquer crença religiosa, que hoje goza de crescente reconhecimento científico e está a ser introduzida com muito sucesso em escolas, empresas, hospitais e prisões, além de se tornar parte da vida quotidiana de milhões de pessoas em todo o mundo.

O curso será orientado por Paulo Borges. Tentando praticar desde 1983, tem orientado desde 1999 vários seminários e cursos de introdução teórica e ao budismo e à meditação. É presidente da União Budista Portuguesa e do Círculo do Entre-Ser e professor de Filosofia na Universidade de Lisboa. É tradutor de textos budistas, como Estágios da Meditação, de Sua Santidade o Dalai Lama (Lisboa, Âncora Editora, 2001), o Livro Tibetano dos Mortos (Lisboa, Ésquilo, 2006) (com Rui Lopo), A Via do Bodhisattva, de Shantideva (Lisboa, Ésquilo, 2007), O Caminho da Grande Perfeição, de Patrul Rinpoche (Lisboa, Ésquilo, 2007) e O que não faz de ti um budista, de Dzongsar Jamyang Khyentse (Lua de Papel, 2009). Entre outras obras é co-autor, com Matthieu Ricard e Carlos João Correia, de O Budismo e a Natureza da Mente (Lisboa, Mundos Paralelos, 2005) e de Descobrir Buda. Estudos e ensaios sobre a via do Despertar (Lisboa, Âncora Editora, 2010).*

*Os participantes devem trazer roupas largas e confortáveis.

Data e horário:
DIAS 10, 17 e 24 de Fevereiro, 19.30-22h

Contribuição: 45 euros, (estudantes e sócios: 40 euros)
Importante: uma real indisponibilidade financeira não é impeditiva da frequência do curso.
Local: União Budista Portuguesa, Av. Cinco de Outubro, n.º 122, 8.º Esq., 1050-061 Lisboa.

Contactos para inscrições: 213 634 363, 213 630 850 (das 17h00 às 21h00); tlm 918 728 979 (deixar p. f. a mensagem com o nome, o curso e o contacto)
Email: sede@uniaobudista.pt