“Sou feito da inteira evolução da Terra; sou um microcosmo do macrocosmo. Nada há no universo que não esteja em mim. O inteiro universo está encapsulado em mim, como uma árvore numa semente. Nada há ali fora no universo que não esteja aqui, em mim. Terra, ar, fogo, água, tempo, espaço, luz, história, evolução e consciência – tudo está em mim. No primeiro instante do Big Bang eu estava lá, por isso trago em mim a inteira evolução da Terra. Também trago em mim os biliões de anos de evolução por vir. Sou o passado e o futuro. A nossa identidade não pode ser definida tão estreitamente como ao afirmar que sou inglês, indiano, cristão, muçulmano, hindu, budista, médico ou advogado. Estas identidades rajásicas são secundárias, de conveniência. A nossa identidade verdadeira ou sáttvica é cósmica, universal. Quando me torno consciente desta identidade primordial, sáttvica, posso ver então o meu verdadeiro lugar no universo e cada uma das minhas acções torna-se uma acção sáttvica, uma acção espiritual”

- Satish Kumar, Spiritual Compass, The Three Qualities of Life, Foxhole, Green Books, 2007, p.77.

“Um ser humano é parte do todo por nós chamado “universo”, uma parte limitada no tempo e no espaço. Nós experimentamo-nos, aos nossos pensamentos e sentimentos, como algo separado do resto – uma espécie de ilusão de óptica da nossa consciência. Esta ilusão é uma espécie de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e ao afecto por algumas pessoas que nos são mais próximas. A nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos desta prisão ampliando o nosso círculo de compreensão e de compaixão de modo a que abranja todas as criaturas vivas e o todo da Natureza na sua beleza”

- Einstein

“Na verdade, não estou seguro de que existo. Sou todos os escritores que li, todas as pessoas que encontrei, todas as mulheres que amei, todas as cidades que visitei”

- Jorge Luis Borges

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Que 2016 nos traga o Despertar!

Desejo a mim e a tod@s que 2016 nos traga, de modo nenhum o que mais desejamos, mas sim o que realmente mais necessitamos, incluindo os sucessos e sobretudo os insucessos, safanões e trambolhões que isso que não sabemos o que seja e se pode chamar Vida melhor achar, na sua infinita sabedoria e criatividade, para que mais rapidamente despertemos deste supremo político e juiz corrupto chamado ego, que constantemente exerce sobre nós a mais impiedosa tirania, avaliando, julgando e manipulando o mundo em função da sua ignorância de não existir e dos seus interesses e caprichos fúteis, estreitos e mesquinhos! Sim, que 2016 nos traga, do modo mais eficaz e rápido possível, por mais duro que seja para este menino hiper-protegido e mimado, tudo o que nos desperte da ilusão do apego aos amigos, da aversão aos inimigos e da indiferença aos outros, tudo o que nos liberte de fazer alguma coisa que não seja por amor e compaixão para com todos os seres e sem esperar nada em troca, tudo o que nos abra bem os olhos para além do medo e da expectativa e nos faça ver e sobretudo experimentar que a Vida não corre bem nem mal: a Vida corre, e é tudo! E tão vertiginosa que daqui a nada já cá não estaremos e será como se nunca tivéssemos estado nesta feira-passerelle de vaidades chamada mundo. Se até lá não despertarmos morreremos tão mortos como mortos vivemos. Mas que Despertemos e, despertos, sintamos e celebremos em tudo e a cada instante esta Maravilha sem nome que desde sempre e para sempre somos, esta Vida sem princípio nem fim, este Sol de infinitos e sempre cambiantes raios! Aparecemos a cada instante como um deles, e nesse sentido somos momento a momento únicos, mas a nossa Realidade plena está em todos. Que o Novo Ano seja a descoberta disto! A isso brindemos, seja com o que for, pois a esta Luz um simples copo de água mais vale que o mais delicado champanhe.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A vida não corre de acordo com as nossas expectativas?

Frequentemente sofremos por a vida não correr de acordo com as nossas expectativas. E quase sempre responsabilizamos os outros, o que muitas vezes é uma forma de camuflar e fugir ao sentimento incómodo de culpa por não nos acharmos suficientemente capazes. E os outros podem ser os maus, os injustos, a sociedade, a educação, o pai e a mãe, o marido ou a mulher, o governo, a oposição, Deus, o Diabo, os deuses, os demónios, os astros, o karma, o destino, a vida, etc....

Tudo culpamos por a vida não correr de acordo com as nossas expectativas. Mas raramente colocamos em causa as próprias expectativas que temos ou o sentido de haver expectativas. Na verdade, porque haveria a vida de correr de acordo com as nossas expectativas? Porque não sermos antes nós a correr de acordo com as expectativas da vida? E porque teremos de ter expectativas? Porque não nos será dado a cada instante tudo o que necessitamos para estar bem e ser felizes, desde que as necessidades básicas da existência estejam asseguradas? Porque haveremos de multiplicar projectos, exigências e ansiedades? Porque haveremos de trocar o prazer de (entre-)ser, com tudo e com todos, sempre presente e acessível, pelos sempre ausentes, incertos e fugazes objectos do desejo? De que nos queixarmos, a não ser de sermos mentes mimadas, que alimentam todo o tipo de caprichos e depois fazem birra e amuam por não os verem realizados?

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A Felicidade (texto publicado no número de Dezembro da revista CAIS)


Pediram-me que escrevesse sobre a Felicidade como caminho para o Desenvolvimento. Compreendo o tema, mas não me parece que a felicidade possa ser um meio. A felicidade é antes um fim, que só pode ser alcançado Aqui-Agora. O verdadeiro des-envolvimento, o da consciência livre de tudo o que a envolve, é a Felicidade. Não o progresso material ou tecnocientífico, nem o crescimento económico, mas a Felicidade enquanto fruição plena da Vida inseparável da verdade e do amor.

A verdade é o desvelar da natureza profunda da realidade. É uma experiência de abertura sem limites, a sabedoria: não um conhecimento intelectual, mas o saborear a plenitude da vida. Os gregos chamaram-lhe aletheia – não-esquecimento, des-velamento – e os indianos satya, de sat, ser, o que é, o real. A verdade é não trocar o real, tudo o que se manifesta aqui e agora, a cada instante, por preocupações com o passado e o futuro e por palavras, conceitos e imagens oriundos das nossas percepções, interpretações e juízos limitados. A etimologia de real evoca a riqueza, a abundância. A natureza das coisas é exuberante, plena de todas as possibilidades: a verdade e a sabedoria são a experiência disso no presente, pois só aqui-agora mesmo a vida se oferece.

A verdade jamais se pode reduzir a uma definição, doutrina ou símbolo. Convida a transcender conceitos, imagens e palavras numa experiência contemplativa e silenciosa que pacifica e liberta da agitação mental e emocional que turva a consciência. A verdade torna-nos autênticos, confiantes e generosos, sentindo a nossa constante ligação a algo mais vasto que abrange tudo quanto existe e se não pode dizer, mas se experiencia nos momentos mais plenos das nossas vidas, que nos arrebatam de maravilhamento, gratidão e amor.

O amor é o sentimento natural de um coração conectado com o real, sensível à interconexão de todas as formas de vida e que activamente aspira à felicidade de todos os seres, sem nada esperar em troca. O pleno amor é infinito, universal e incondicional e desenvolve-se alargando a cada vez mais vidas a aspiração a que nós e os entes queridos sejamos plenamente felizes. O verdadeiro amor surge quando esse desejo de felicidade abrange todo o universo e todas as expressões da vida, sentindo-as a todas como íntimas. Com ele surge então a verdadeira felicidade.

Íntima à verdade e ao amor, a felicidade não é o prazer fugaz nem a mais intensa alegria, mas um estado duradouro e íntimo de profunda satisfação que não depende do que possa acontecer ou não, se possa ganhar ou perder ou aumentar e diminuir. A genuína felicidade é livre de medo e expectativa e expressa a plenitude de ser, o florescimento da consciência e do afecto na ilimitada compreensão e amor do mundo e de todas as formas de vida. A mais profunda felicidade integra e supera a dor, o sofrimento e o conflito e transcende a inquietação e ansiedade ainda inerentes à busca de ser feliz.

A verdadeira felicidade é um sentimento de realização do sentido da vida, uma sensação de integridade e perfeição, por maior que seja ainda o horizonte de crescimento que ante nós se abre, uma experiência de não estarmos a falhar o alvo e a passar ao lado da nossa única e mais autêntica vocação: a de sermos felizes. É sugestivo que pecado seja a tradução latina do grego amartia, que significa “falhar o alvo”. Ser feliz é sentir que a flecha da vida acerta no seu alvo: a plenitude, que muitas tradições designam como salvação, Deus, despertar, iluminação ou libertação.

A genuína felicidade é uma serena bem-aventurança para além das palavras. Nela não estamos sós, pois aí todos os seres e coisas comungam. A mais profunda felicidade é simultaneamente o mais íntimo e cósmico dos acontecimentos, o esplendor de cada consciência e de todo o universo, a poderosa, ampla e serena Festa da Vida. Para a qual todos somos desde sempre e a cada instante convidados.




quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Declaração - Outro Portugal Existe


Não foi possível reunir e validar até hoje, 24 de Dezembro, as 7500 assinaturas necessárias para formalizar a minha candidatura-movimento Outro Portugal Existe à presidência da República em 2016. A minha decisão tardia, a escassez de recursos e muitos outros factores, externos e internos, contribuíram para isso. Entre eles destaco o total boicote da comunicação social e, facto inédito na minha longa vida de escritor com mais de 40 livros publicados, a recusa dos principais livreiros em aceitarem o livro com os manifestos e textos desta candidatura-movimento, Outro Portugal Existe. Estou-lhes profundamente grato, pois isto confirma que estou e estamos no bom caminho. Agradeço também, do fundo do coração, às personalidades que apoiaram oficialmente e às imensas pessoas que em todo o país assinaram, se voluntariaram para recolher assinaturas e enviaram mensagens de apoio incondicional. Eles mostram que realmente Outro Portugal Existe e que isso é o mais importante.

Se a formalização da candidatura não foi possível, o seu assumido objectivo principal, lançar o movimento informal e apartidário Outro Portugal Existe, foi conseguido. A candidatura era claramente apenas um meio para lançar este movimento e dar-lhe maior visibilidade. No decorrer deste processo e dos contactos havidos confirmou-se que existe um Portugal profundo que está bem mais vivo do que o decadente, moribundo e medíocre Portugal oficial dos governos e oposições, dos partidos, das corporações e dos lobbies de interesses que manipulam a comunicação social. É a esse Portugal profundo que o movimento OPE continuará a dar voz, contribuindo para uma ampla plataforma de pensamento e acção que desperte a sociedade civil para o exercício da cidadania fora da política convencional e dos quadros partidários. Importa aproximar todos aqueles que, nas mais diversas áreas, promovem alternativas éticas, saudáveis e sustentáveis que convergem para a mudança do paradigma e para a superação criativa da crise cultural e civilizacional em que nos encontramos.

O movimento OPE assume como novo desígnio para Portugal o Bem da Terra e de todos os seres vivos e continuará a introduzir no espaço público temas de vanguarda como a política da consciência e do coração, a necessidade de reinventar a democracia - pois a democracia representativa falhou e já não representa metade da população portuguesa, que se abstém ou vota branco e nulo por não se rever na partidocracia reinante - , uma economia solidária e sustentável alternativa ao mito do crescimento económico ilimitado, o Rendimento Básico Incondicional, o reconhecimento dos direitos intrínsecos da Natureza e de todos os seres vivos, pedagogias alternativas, a introdução da meditação nas escolas e nos cuidados de saúde, a autogestão local e regional e a soberania alimentar, o diálogo entre culturas, religiões e irreligiões, a espiritualidade laica no sentido do despertar fraterno e activo da consciência, entre muitos outros.

Os movimentos alternativos constituem hoje, em Portugal e em todo o mundo, o grande Movimento que rompe com os quadros da política convencional, partidária e eleitoral. As pessoas começam a descobrir que a mudança não vem por decreto e que não necessitam de depender de eleições, governos e partidos para serem e realizarem desde já nas suas vidas, de modo solidário e cooperativo, aquilo que de melhor querem ver no mundo. Outro Portugal Existe é a expressão entre nós deste movimento mundial rumo à reinvenção consciente, amorosa, compassiva e criativa da aventura humana na Terra. Há que fazer da Crise uma Festa.

Como disse Pessoa: É a Hora!

Saudações fraternas e votos de que este Natal seja o Nascimento do que há de mais precioso em todos e cada um de nós: a consciência de sermos irmãos do Cosmos, da Terra e de tudo quanto vive!

24 de Dezembro de 2015

Paulo Borges

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

És a Força

És dotado de um tremendo poder, o de ser, conhecer e amar sem limites, o da Vida sem rótulos nem fronteiras. Mas não te prezas. Por isso crias um ego e este religiões e irreligiões de que se torna crente e seguidor, Estados de que se torna cidadão, partidos de que se torna eleitor, empresas de que se torna cliente, todo o tipo de objectos mentais e materiais de que se torna consumidor, servo e dependente. Tudo o que te ajuda a não ser quem és, tudo o que te rebaixa ao que te não vale, tudo o que te incapacita. Incluindo o desespero e a revolta contra tudo isso, que ainda são outra forma de te manteres ocupado com as ficções que o ego cria e delas escravo. Até que despertes e descubras que és a Força. E que a Força é tudo e está em tudo. E que a Força nada força. Pois é apenas Liberdade e Ser-Saber-Amor.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Regressar ao Silêncio, Regressar a Si (Retiro de Silêncio na Passagem de Ano) 31 de Janeiro - 3 de Janeiro


Casa de Santo Inácio (perto da Praia Grande)

31 de Dezembro - 3 de Janeiro de 2015

Programa:

Dia 31 – 5ª feira

18:00 – 20.00 - Chegada e acomodação.

20:00 – Jantar

21:30 – Apresentação do objectivo do Retiro: reconhecer como a mente condiciona a nossa vida, abandonar o turbilhão dos pensamentos, palavras, imagens, juízos e emoções e regressar ao Fundo silencioso, pacífico, luminoso e amoroso da Vida.

Passagem de Ano alternativa: exame de consciência e reconhecimento dos nossos padrões mentais e emocionais dominantes; cultivar a intenção de nos libertarmos deles; tomar refúgio no sentido interior do Buda, do Dharma e da Sangha e votos de Bodhisattva: cultivar a aspiração e tomar a decisão de viver cada vez mais na paz e na liberdade, na compreensão da interdependência e no amor/compaixão pela Terra e por todas as formas de vida.

Dia 1 – Sexta-feira

07.30 – 09.00 – Introdução à experiência e métodos meditativos: a Vida Aqui-Agora. RAIN: reconhecer, aceitar, investigar e não se identificar com o turbilhão mental-emocional.

09.00 – 10.00 – Pequeno-almoço

10.00 – 11.30 - Meditação sentada e em andamento (no interior e na natureza, se o tempo permitir). Movimentos em atenção plena.

11:30 – 12:00 – Pausa

12:00 – 13:00 - Palestra: Introdução aos nossos padrões energéticos: reconhecer as 5 famílias de Buda na nossa vida, bem como as suas manifestações saudáveis e disfuncionais.

13.30 – 14.30 – Almoço

15:00 – Relaxamento profundo

16:00 – Meditação sentada e em andamento (no interior e na natureza, se o tempo permitir).

17:00 – 17:30 – Pausa

17:30 – 19:00 - Como lidar com as emoções nocivas, causadoras de sofrimento: possessividade e apego, orgulho e vaidade, inveja e ciúme, avareza e avidez, ódio e cólera, indiferença, preguiça e torpor. I – o método dos antídotos: amor, compaixão, alegria e equanimidade / inclusividade (palestra e exercícios meditativos).

19.30 – 20.30 – Jantar

21.00 – 22:30 – Introdução à prática de Avalokiteshvara e do mantra das seis sílabas. Como adormecer na luz da consciência desperta e amorosa.Perguntas e respostas e partilha de experiências.

Dia 2 – Sábado

07.30 – 09.00 – Meditação sentada e em movimento: a Vida Aqui-Agora. RAIN: reconhecer, aceitar, investigar e não se identificar com o turbilhão mental-emocional.

09.00 – 10.00 – Pequeno-almoço

10.00 – 11.30 - Meditação sentada e em andamento (no interior e na natureza, se o tempo permitir). Introdução aos métodos de Thich Nhat Hanh: ver-se como flor, montanha, água tranquila e espaço. Movimentos em atenção plena.

11:30 – 12:00 – Pausa

12:00 – 13:00 - Palestra: A via do silêncio e a ética da palavra.

13.30 – 14.30 – Almoço

15:00 – Relaxamento profundo

16:00 – Meditação sentada e em andamento (no interior e na natureza, se o tempo permitir).

17:00 – 17:30 – Pausa

17:30 – 19:00 - Como lidar com as emoções nocivas, causadoras de sofrimento: desejo possessivo e apego, orgulho e vaidade, inveja e ciúme, avareza e avidez, ódio e cólera, indiferença, preguiça e torpor. II – o método da auto-libertação das emoções pela simples consciência delas (palestra e exercícios meditativos).

19.30 – 20.30 – Jantar

21.00 – 22:30 – Prática de Avalokiteshvara e do mantra das seis sílabas. Como adormecer na luz da consciência desperta e amorosa.Perguntas e respostas e partilha de experiências.

Dia 3 – Domingo

07.30 – 09.00 – Meditação sentada e em movimento: a Vida Aqui-Agora. RAIN: reconhecer, aceitar, investigar e não se identificar com o turbilhão mental-emocional.

09.00 – 10.00 – Pequeno-almoço

10.00 – 11.30 - Meditação sentada e em andamento (no interior e na natureza, se o tempo permitir). Movimentos em atenção plena.

11:30 – 12:00 – Pausa

12:00 – 13:00 – A meditação do amor e da compaixão incondicionais e universais: metta-bhavana.

13:30 – 14.30 – Almoço

15:00 – Relaxamento profundo

16:00 – 17:00 – Amor ou Apego? Prática de Avalokiteshvara e do mantra das seis sílabas. Como integrar a prática em todas as situações da vida quotidiana.

17:00 – 18:00 – Partilha final de experiências. Dedicatória dos méritos do retiro para o bem da Terra e de todos os seres. Meditação do Abraço.

O retiro será facilitado por Paulo Borges e Daniela Velho.

Paulo Borges tenta praticar a via do Buda desde 1983, segundo a tradição Nyingma do budismo tibetano, e desde 2012 integra o budismo comprometido e os ensinamentos laicos de Thich Nhat Hanh. Tem facilitado desde 1999 centenas de workshops, cursos e retiros de introdução teórica e prática ao budismo, à meditação e à espiritualidade inter-religiosa. Professor de Filosofia da Religião e Pensamento Oriental na Universidade de Lisboa. Cofundador e ex-presidente da União Budista Portuguesa (2002-2014). Cofundador e presidente do Círculo do Entre-Ser. Tradutor de textos budistas, como Estágios da Meditação, de Sua Santidade o Dalai Lama (2001), o Livro Tibetano dos Mortos (2006) (com Rui Lopo), A Via do Bodhisattva, de Shantideva (2007), O Caminho da Grande Perfeição, de Patrul Rinpoche (2007) e O que não faz de ti um budista, de Dzongsar Jamyang Khyentse (2009). Entre outras obras é autor de O Budismo e a Natureza da Mente (com Matthieu Ricard e Carlos João Correia, 2005), de Descobrir Buda. Estudos e ensaios sobre a via do Despertar (2010), de Quem é o meu Próximo? Ensaios e textos de intervenção por uma consciência e uma ética globais e um novo paradigma cultural e civilizacional (2014) e de O Coração da Vida. Visão, meditação, transformação integral (2015).

Daniela Velho procura seguir a via do Buda segundo a tradição budista tibetana Nyingma desde 2010. Acompanha e procura aplicar os ensinamentos laicos de Thich Nhat Hanh desde 2012. Co-fundadora e vice-presidente da associação ética e filosófica Círculo do Entre-Ser. Investiga na área das práticas contemplativas e é instrutora e praticante de meditação. Jurista de profissão.

Contribuição: Estadia e refeições (quarto duplo, com casa de banho): 100 euros; Orientação: 50 euros no mínimo ou o que considerar justo consoante a sua disponibilidade financeira.

10% dos lucros será oferecido a uma associação humanitária, de defesa dos animais ou do ambiente.

- O retiro decorre em total silêncio, incluindo as refeições e as actividades na natureza, com a única excepção das sessões de prática na sala comum.

- Convém trazer roupas largas, uma almofada, um tapete / manta e um bloco de notas.

- O evento é aberto a todos e não implica nenhum conhecimento teórico ou prático de meditação.

- As refeições serão vegetarianas.

- O retiro só se realizará com um mínimo de 10 participantes.

- O espaço dispõe de um magnífico espaço natural e está a poucos minutos da Praia Grande, estando previstas actividades ao ar livre se o tempo o permitir.

Localização: Casa de Exercícios de Santo Inácio - Estrada do Rodízio, 124.

Informações: info@circuloentreser.org

Para garantir a sua inscrição, solicitamos que transfira 100 euros para o NIB do Círculo do Entre-Ser até 28 de Dezembro: 0010 0000 4837 2440 0016 8

Organização: Círculo do Entre-Ser

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Inscrições:
- preenhendo o formulário: http://bit.ly/1lHDKu7, ou
- enviando email para inscricoes@circuloentreser.org
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Celebrar o Natal: Nascer Buda-Cristo, 19 de Dezembro, 10-14h


"Que me importa que Cristo haja nascido ontem em Belém, se não nascer hoje na minha alma?"
- Angelus Silesius

Celebraremos o Natal num espírito ecuménico, recordando o seu simbolismo universal e a convergência das tradições budista e cristã na experiência espiritual profunda e não-dogmática do Triplo Refúgio – Buda, Dharma e Sangha - e da Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo. Dialogaremos com textos e mestres da tradição budista e cristã como Longchenpa e Mestre Eckhart, Thich Nhat Hanh e Angelus Silesius. A reflexão será complementada com práticas meditativas e mantras segundo a tradição budista e cristã (neste caso na linha dos ensinamentos de John Main, Lawrence Freeman e Jean-Yves Leloup). Descobriremos por experiência directa que o sentido mais profundo do Natal é o do nascimento em nós, Aqui-Agora, da consciência desperta e amorosa a que se chama Buda e Cristo.

Este evento corresponde ao pedido expresso por Sua Santidade o Dalai Lama, por ocasião da sua última visita a Portugal, em 2007, de que a comunidade budista portuguesa investisse no diálogo inter-religioso e inspira-se na visão ecuménica do XIV Dalai Lama, de Agostinho da Silva e de Thich Nhat Hanh.

O workshop decorre das 10 às 14h e será seguido por um almoço comunitário de Natal com partilha de comida vegana ou vegetariana. Pedimos que traga o seu contributo alimentar e uma pequena prenda-surpresa para trocarmos entre nós. Se desejar pode vir apenas ao almoço.

Contribuição para o workshop: 20 euros. O limite de inscrições é de 35.

O workshop tem lugar no espaço do Círculo do Entre-Ser, Coração do Mundo - Centro de Estudos e Práticas para o Despertar da Consciência, e será orientado por Paulo Borges. Professor de Filosofia da Religião e de Pensamento Oriental na Universidade de Lisboa. Cofundador e ex-presidente da União Budista Portuguesa (2002-2014). Ex-presidente (2005-2013) e membro da Direcção da Associação Agostinho da Silva. Cofundador e presidente do Círculo do Entre-Ser. Praticante desde 1983 e professor de meditação e budismo desde 1999, tendo orientado centenas de aulas, cursos, workshops e retiros em todo o país. Autor de 43 livros, entre os quais “Tempos de Ser Deus. A espiritualidade ecuménica de Agostinho da Silva” (2006), "O Budismo e a Natureza da Mente" (2006, com Carlos João Correia e Matthieu Ricard), "Descobrir Buda" (2010), “É a Hora! A mensagem da Mensagem de Fernando Pessoa” (2014), “Quem é o Meu Próximo?” (2014) e "O Coração da Vida (guia prático de meditação)" (2015)

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informações: info@circuloentreser.org
inscrições:
- preencha o seguinte formulário http://bit.ly/1LknJPa, ou
- envie um email para inscricoes@circuloentreser.org
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Coração do Mundo - Centro de Estudos e Práticas para o Despertar da Consciência, Av. Almirante Reis, 174 - 2ºD, Lisboa (metro Alameda)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

"Quatro formas de olhar para o mundo", segundo Joanna Macy


Joanna Macy fala de “quatro formas de olhar para o mundo”, transversais a todas as culturas e tradições, que condicionam o nosso modo de vida, em termos exteriores e interiores: 1) o mundo como campo de batalha, entre o bem e o mal, a luz e as trevas, ou os capazes e os incapazes, onde nos inscrevemos de forma militante no primeiro dos lados a combater, intelectual, moral e/ou fisicamente, os que estão no outro, os “inimigos”, até à sua conversão ou destruição e vitória final dos “bons”, nós e os “nossos”; 2) o mundo como armadilha, um lugar mau, seja o próprio corpo, a sociedade ou a natureza, que há que dominar para dele nos libertarmos o mais rápido possível, procurando algo que o transcenda e onde finalmente estejamos bem e em paz; 3) o mundo como amante, um(a) companheiro(a) vital com o qual dançamos enamorados, numa sedução e encanto mútuos; 4) o mundo como nós próprios, o que pode surgir do aprofundamento da experiência anterior, sentindo-nos entrelaçados com todos os seres e coisas, numa perfeita harmonia entre a unidade e a multiplicidade.

De qual destas formas de ver e experimentar o mundo nos sentimos realmente mais próximos neste preciso momento? É interessante verificar isso e qual a consequência que está a ter na nossa vida. É interessante ver como isso condiciona também as nossas sociedades e a nossa civilização... Haverá outras formas a acrescentar a estas?

(Joanna Macy, World as Lover, World as Self, 2007).


domingo, 13 de dezembro de 2015

CURSO DE INTRODUÇÃO À MEDITAÇÃO NÍVEL I com Paulo Borges, 14, 18 e 21 de Dezembro


Dias 14, 18 e 21 de Dezembro de 2015, das 19.30 às 22h30

Local: Uniao Budista Portuguesa, Av. 5 de Outubro, 122 - 8º esq. - Lisboa

O curso é uma introdução à experiência da atenção plena e ao modo de a integrar em todas as situações da vida quotidiana. Trata-se de não separar a meditação e a vida, encontrando numa mente calma, clara e aberta uma via para uma existência mais plena, livre e solidária. A aprendizagem dos métodos tradicionais de meditação será complementada com os Catorze Treinos da Atenção Plena de Thich Nhat Hanh.

Orientação: Paulo Borges- Professor de Filosofia na Universidade de Lisboa. Cofundador, ex-presidente da União Budista Portuguesa (2002-2014). Cofundador e presidente do Círculo do Entre-Ser. Tradutor de textos budistas, como Estágios da Meditação, de Sua Santidade o Dalai Lama (Lisboa, Âncora Editora, 2001), o Livro Tibetano dos Mortos (Lisboa, Ésquilo, 2006) (com Rui Lopo), A Via do Bodhisattva, de Shantideva (Lisboa, Ésquilo, 2007), O Caminho da Grande Perfeição, de Patrul Rinpoche (Lisboa, Ésquilo, 2007) e O que não faz de ti um budista, de Dzongsar Jamyang Khyentse. É autor de vários livros, entre os quais O Budismo e a Natureza da Mente (com Matthieu Ricard e Carlos João Correia, 2005), Descobrir Buda. Estudos e ensaios sobre a via do Despertar (2010), Quem é o meu Próximo? Ensaios e textos de intervenção por uma consciência e uma ética globais e um novo paradigma cultural e civilizacional (2014) e O Coração da Vida. Visão, meditação, transformação integral (guia prático de meditação)(2015).

Contribuição: 45 euros. Uma real indisponibilidade financeira não é impeditiva.

Material necessário: Roupas largas, caneta e bloco notas.

Inscrições: enviar email para inscricoes@uniaobudista.pt

sábado, 12 de dezembro de 2015

Celebrar o Natal: Nascer Buda-Cristo, Galeria Santa Clara - Coimbra, 12 de Dezembro, 15-19h

"Que me importa que Cristo haja nascido ontem em Belém, se não nascer hoje na minha alma?"
- Angelus Silesius

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inscrições:
- envie um email para info@maitreya.pt
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Local: Galeria Santa Clara - Coimbra
Data: sábado, 12 de Dezembro, 15h-19h
ENTRADA LIVRE

Apesar deste evento estar anteriormente marcado para o passado dia 5 e de ter sido cancelado por diversas razões, e tendo em conta a natureza e importância desta data num espírito ecuménico e de diálogo inter-religioso, foi feito um esforço para que esta celebração possa na mesma ser feita num contexto ligeiramente diferente da anterior.

Assim celebraremos o Natal num espírito ecuménico, recordando o seu simbolismo universal e a convergência das tradições budista e cristã na experiência espiritual profunda e não-dogmática do Triplo Refúgio – Buda, Dharma e Sangha - e da Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo. Dialogaremos com textos e mestres da tradição budista e cristã como Longchenpa e Mestre Eckhart, Thich Nhat Hanh e Angelus Silesius. A reflexão será complementada com práticas meditativas e mantras segundo a tradição budista e cristã (neste caso na linha dos ensinamentos de John Main, Lawrence Freeman e Jean-Yves Leloup). Descobriremos por experiência directa que o sentido mais profundo do Natal é o do nascimento em nós, Aqui-Agora, da consciência desperta e amorosa a que se chama Buda e Cristo.

Este evento corresponde ao pedido expresso por Sua Santidade o Dalai Lama, por ocasião da sua última visita a Portugal, em 2007, de que a comunidade budista portuguesa investisse no diálogo inter-religioso e inspira-se na visão ecuménica do XIV Dalai Lama, de Agostinho da Silva e de Thich Nhat Hanh.

Esta celebração será orientada por Paulo Borges. Professor de Filosofia da Religião e de Pensamento Oriental na Universidade de Lisboa. Cofundador e ex-presidente da União Budista Portuguesa (2002-2014). Ex-presidente (2005-2013) e membro da Direcção da Associação Agostinho da Silva. Cofundador e presidente do Círculo do Entre-Ser. Praticante desde 1983 e professor de meditação e budismo desde 1999, tendo orientado centenas de aulas, cursos, workshops e retiros em todo o país. Autor de 43 livros, entre os quais “Tempos de Ser Deus. A espiritualidade ecuménica de Agostinho da Silva” (2006), "O Budismo e a Natureza da Mente" (2006, com Carlos João Correia e Matthieu Ricard), "Descobrir Buda" (2010), “É a Hora! A mensagem da Mensagem de Fernando Pessoa” (2014), “Quem é o Meu Próximo?” (2014) e "O Coração da Vida (guia prático de meditação)" (2015)

Local: Galeria Santa Clara - Coimbra
Data: sábado, 12 de Dezembro, 15h-19h
ENTRADA LIVRE

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

"(...) o amor vem mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto"


"Ninguém nasceu a odiar outra pessoa por causa da cor da sua pele, ou das suas origens, ou da sua religião. As pessoas têm de aprender a odiar e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor vem mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto"

~ Nelson Mandela, Long Walk to Freedom.

Toda a violência que há no mundo resulta de as famílias, as escolas, as sociedades e, primeiro que tudo, cada um de nós, não investirmos plenamente no amor. Temos colocado sempre algo acima dele: o nosso egoísmo e o dos grupos - famílias, amigos, partidos, empresas, nações, religiões, etnias, espécie - com que nos identificamos. O que esperar então? E de que nos queixamos? Não se pode pretender a paz estando em guerra, sendo guerra. E guerra é toda esta afirmação de si como separado e mais importante do que o outro, seja o outro quem for: humano, animal ou a própria Terra. Nesta perspectiva, será algum de nós inocente? Poderá algum de nós acusar e julgar alguém sem que o dedo acusador e juiz se volte imediatamente para si mesmo? A ilusão da separação, o medo e o egoísmo são os mais temíveis e terríveis terroristas. E habitam bem no íntimo de cada um de nós. Só o Amor os pode vencer para sempre.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Prática semanal de Meditação / Mindfulness - 3as feiras - 19:00 - 20:00


3ªs feiras, 19:00-20:00, a partir de 1 de Dezembro

Convidamo-lo a juntar-se ao grupo de prática semanal de meditação sentada guiada, movimentos em atenção plena, meditação em andamento e abertura amorosa e compassiva do coração. A meditação é um caminho para o autoconhecimento e a realização profundos, bem como para o bem-estar e a saúde, um melhor desempenho escolar e profissional e uma vida mais harmoniosa, ética e solidária. É a grande revolução silenciosa do século XXI, cada vez mais praticada em instituições como escolas, empresas e hospitais e está no centro da investigação neurocientífica de vanguarda pelos imensos efeitos positivos no desenvolvimento cerebral. A meditação é também uma forma subtil de acção e intervenção social, pois vários estudos indicam que aumenta os níveis de empatia e que a violência baixa consideravelmente nas regiões onde é praticada colectiva e regularmente.

A abordagem, embora segundo os métodos da tradição budista Zen de Thich Nhat Hanh, é completamente laica e adequada a crentes de todas as religiões, ateus e agnósticos.

A prática é acessível a todos, mesmo sem experiência prévia. Tem lugar no espaço do Círculo do Entre-Ser, Coração do Mundo - Centro de Estudos e Práticas para o Despertar da Consciência, e é orientada por Paulo Borges. Professor de Filosofia na Universidade de Lisboa. Cofundador e ex-presidente da União Budista Portuguesa (2002-2014). Ex-presidente (2005-2013) e membro da Direcção da Associação Agostinho da Silva. Cofundador e presidente do Círculo do Entre-Ser. Praticante desde 1983 e professor de meditação e budismo desde 1999, tendo orientado centenas de aulas, cursos, workshops e retiros em todo o país, também em escolas, empresas e instituições como a Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e o Ministério da Defesa Nacional. Autor de 43 livros, entre os quais "O Budismo e a Natureza da Mente" (2006, com Carlos João Correia e Matthieu Ricard), "Descobrir Buda" (2010) e "O Coração da Vida (guia prático de meditação)" (2015).

Contribuição: 5 euros por sessão ou 15 euros mensais.

O pagamento é feito no local.

Limite: 35 lugares
Traga roupa larga e confortável e de preferência uma almofada.

Coração do Mundo - Centro de Estudos e Práticas para o Despertar da Consciência, Av. Almirante Reis, 174 - 2ºD, Lisboa (metro Alameda)

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Inscrições:
- preenhendo o formulário: http://bit.ly/1NlJzcX, ou
- enviando email para inscricoes@circuloentreser.org
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sábado, 7 de novembro de 2015

Terça, dia 10 - Curso de Introdução à Meditação (segundo a tradição de Thich Nhat Hanh)


Serão três sessões, nos dias 10, 17 e 24 de Novembro, das 19-21h, onde conheceremos as vantagens da meditação e a postura apropriada e faremos meditação sentada guiada, movimentos em atenção plena, meditação em andamento e abertura amorosa e compassiva do coração.

A meditação é um caminho para o autoconhecimento profundo, bem como para o bem-estar e a saúde, um melhor desempenho escolar e profissional e uma vida mais harmoniosa, ética e solidária. É a grande revolução silenciosa do século XXI, cada vez mais praticada em instituições como escolas, empresas e hospitais e e está no centro da investigação neurocientífica de vanguarda pelos imensos efeitos positivos no desenvolvimento cerebral.

A abordagem, embora segundo os métodos da tradição budista Zen de Thich Nhat Hanh, é completamente laica e adequada a crentes de todas as religiões, ateus e agnósticos.

O curso tem lugar no novo espaço do Círculo do Entre-Ser, Coração do Mundo - Centro de Estudos e Práticas para o Despertar da Consciência, e será orientado por Paulo Borges. Professor de Filosofia na Universidade de Lisboa. Cofundador e ex-presidente da União Budista Portuguesa (2002-2014). Ex-presidente (2005-2013) e membro da Direcção da Associação Agostinho da Silva. Cofundador e presidente do Círculo do Entre-Ser. Praticante desde 1983 e professor de meditação e budismo desde 1999, tendo orientado centenas de aulas, cursos, workshops e retiros em todo o país, também em escolas, empresas e instituições como a Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e o Ministério da Defesa Nacional. Autor de 43 livros, entre os quais "O Budismo e a Natureza da Mente" (2006, com Carlos João Correia e Matthieu Ricard), "Descobrir Buda" (2010) e "O Coração da Vida (guia prático de meditação)" (2015).

O valor da contribuição são 30 euros (uma real indisponibilidade financeira não é impeditiva)

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inscrições: http://bit.ly/1RfqYfK
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Coração do Mundo - Centro de Estudos e Práticas para o Despertar da Consciência, Av. Almirante Reis, 174 - 2ºD, Lisboa (metro Alameda)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Paulo Borges - 1/3 - O olho do furacão. Contemplação, meditação e mudanç...



A primeira parte da minha comunicação no Colóquio Vita Contemplativa, no passado dia 22 na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: "O Olho do Furacão: Contemplação, meditação e mutação do paradigma civilizacional"

domingo, 18 de outubro de 2015

VITA CONTEMPLATIVA - Práticas Contemplativas e Cultura Contemporânea - 19 Outubro - Anf. III - Fac. Letras da Univ. Lisboa


Programa:

9:30 – Abertura

10:00 - Rui Manuel Grácio das Neves - A contemplação na perspectiva de uma espiritualidade holística

10:30 - Catarina Nunes de Almeida - As imagens do mestre, do vagabundo e do eremita na poesia portuguesa contemporânea: uma aproximação ao pensamento estético do Budismo Zen

11:00 - Fabrizio Boscaglia - Meditação e recordação de Deus no Sufismo

11:30 - Debate e intervalo

12:00 - Eva Ndrio de Carvalho - Valores universais e práticas contemplativas: o caso da Universidade dos Valores

12:30 - Sónia Matos Machado - Acima e para além das expectativas iniciais: Praticantes de mindfulness revelam porque continuam a praticar

13:00 – Debate e almoço

15:00 - Bruno Béu de Carvalho - O silêncio como sujeito da meditação filosófica

15:30 - Daniela Velho - Pensamento, sensação corporal e experiência integral. A atenção plena na descoberta do ser

16:00 - Vítor Pomar, “This cosmic joke - O universo é uma anedota” ou ainda:
« On ne fait pas boire l’âne qui n’a pas soif » (“Não se obriga a beber a um burro que não tem sede”)


17:00 - Yves Crettaz – Zazen: être assis sans intentionnalité (Zazen: estar sentado sem intencionalidade)

17:30 – Debate e intervalo

18:00 - Paulo Borges – O olho do furacão. Contemplação, meditação e mudança de paradigma civilizacional

18:30 - Carlos João Correia - A consciência e a experiência de si no pensamento clássico indiano

19:00 - Carlos Henrique do Carmo Silva - Cismando a Vida contemplativa – Para uma abordagem sapiente e diferencial

Comissão Científica: Carlos João Correia, Paulo Borges e Bruno Béu de Carvalho

Comissão Organizadora: Paulo Borges, Fabrizio Boscaglia, Bruno Béu de Carvalho, Carlos João Correia e Sónia Matos Machado

Organização: Grupo de Investigação de Filosofia Prática do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, com o apoio do Círculo do Entre-Ser, associação filosófica e ética.

Entrada Livre

Metro: Cidade Universitária

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Apresentação do meu novo livro, "Outro Portugal existe", hoje às 18:30.


O meu novo livro, Outro Portugal Existe, com os textos-manifestos da minha candidatura à Presidência da República, será apresentado por mim e por Pedro Valdjiu, líder dos Blasted Mechanism, hoje, dia 13 de Outubro, às 18:30, na Galeria Abraço, no Poço do Borratém, 39 (à Praça da Figueira).

No final orientarei uma pequena meditação pela paz e felicidade de todos os seres e pela harmonia da Terra ilustrativa do activismo subtil e da política da consciência e do coração que defendo na minha candidatura.

Na sessão serão recolhidas assinaturas para atingir as 7500 necessárias.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

As pessoas são como os sinais de pontuação

As pessoas são como os sinais de pontuação. Há tipos dominantes, embora em cada pessoa possam predominar vários ao longo das diversas fases da vida.

. Há pessoas pontos finais:

São determinadas e parecem conclusivas, mas fazem apenas uma pausa para continuar sem grande mudança.

. Há pessoas pontos finais parágrafos:

Ainda mais determinadas, parecem pôr um fim, mas suspendem apenas o percurso para o relançarem de outro ou do mesmo modo a seguir. A não ser quando se comportam como o derradeiro ponto final parágrafo. Nesse caso já estão mortas em vida.

, Há pessoas vírgulas:

Bem colocadas nas imprevisíveis voltas e reviravoltas da vida, por elas fluem harmoniosos o discurso e a respiração do mundo. Mal colocadas, dão uma sensação de tropeço, engasgo e falta de ar. Mas com elas há sempre continuidade, fluida ou gaguejante.

; Há pessoas ponto e vírgula:

Parece que a todo o momento param e avançam ao mesmo tempo. Gostam de enumerar tudo o que pensam ser e fazer.

: Há pessoas dois pontos:

Dão sempre a palavra ao outro, exterior ou interior, gostam de dar exemplos do que querem dizer e com elas há sempre espaço para uma explicação.

( ) Há pessoas parênteses curvos:

Acolhem e abrigam sempre o outro em si ou mostram o que trazem em si oculto, como num útero sempre fecundo.

[ ] Há pessoas parênteses rectos:

Acolhem o outro, mas não deixam de o tentar prender e formatar segundo as suas medidas. Felizmente ele pode sempre escapar por cima ou por baixo.

- Há pessoas hífens:

Unem aquilo que distinguem e são as dobradiças das portas do mundo.

⎯ Há pessoas travessão:

Dão sempre a palavra aos outros, mas mais impositivamente que os dois pontos e, quando substituem os parênteses, ostentam demasiado aquilo que mostram.

“ “ Há pessoas aspas:

Passam a vida a citar as palavras e os exemplos dos outros ou a falar em nome de princípios e valores universais. Umas por erudição e vaidade, insegurança ou as duas coisas. Outras por humildade e sincero apreço pela sabedoria e virtude alheia ou por causas e ideais nobres. Há também as que não assumem a sua singularidade e se referem constantemente a modelos alheios, pelos quais se substituem e com os quais se procuram autojustificar. Esta autojustificação pode também visar esconder os propósitos e interesses próprios, procurando que sejam mais aceites em nome de autoridades ou valores e ideais venerados.

! Há pessoas ponto de exclamação:

Umas vivem suspensas de espanto e admiração, em estados de consciência livres do pensamento, outras são autoritárias e imperativas e muitas vivem constantemente arrebatadas por emoções fortes.

? Há pessoas ponto de interrogação:

As mais profundas interrogam(-se) apenas e constantemente, sem pressuporem nem esperarem resposta. Nelas interrogar não é perguntar e a ausência de resposta lhes responde à pergunta jamais colocada. São também as que se questionam a fundo e assim demandam o que há para além de toda a explicação. Caminham para a sabedoria.
As menos profundas perguntam apenas para obter uma resposta. Procuram apenas conhecimento, que lhes traga segurança intelectual ou eficiência prática.
As mais superficiais ou distraídas são meras curiosas que muitas vezes logo esquecem a resposta e continuam a perguntar por hábito ou passatempo.
Há também as dogmáticas hipócritas que apenas perguntam para darem ou obterem de quem responde a resposta já tida como certa. E ainda as utilitárias interesseiras que fazem o mesmo para darem ou obterem a resposta mais vantajosa.

!? Há pessoas ponto de exclamação e interrogação:

Nelas o espanto e a admiração abrem-se numa interrogação que jamais se degrada em pergunta e resposta e assim reflui para ainda mais espanto e admiração. São amigas e convivas do mistério.

... Há pessoas reticências:

Nunca são, pensam, dizem ou fazem nada em definitivo, deixando em aberto todas as possibilidades. Podem fazê-lo por incapacidade ou dificuldade de determinação, por hesitação ou por amor e respeito da liberdade e plenitude da vida que se perde em toda a tomada de posição, que sempre limita e divide, pois sempre algo nega ao afirmar e afirma ao negar, implicando sempre um pró e um contra.
São imprevisíveis, enigmáticas e misteriosas. Dão lugar ao silêncio e à leitura nas entrelinhas e recônditos da vida.
Convivem bem com os mais subtis pontos de exclamação, de interrogação e de exclamação e interrogação, aos quais muitas vezes se associam, e podem tornar-se particularmente incómodas e irritantes para as pessoas pontos finais e sobretudo para as pontos finais parágrafos.

Há pessoas sem sinais de pontuação e pessoas que os são todos em simultâneo. Não são pessoas nem têm classificação.
Ainda bem.





terça-feira, 15 de setembro de 2015

Festa de apresentação da minha candidatura à presidência da República - 4ª feira, 16, 18h - Cais das Colunas


A candidatura-movimento apartidário Outro Portugal Existe será oficialmente apresentada à população e à comunicação social numa celebração no Cais das Colunas como símbolo do regresso de Portugal a si próprio, após 600 anos de busca de aventura e riqueza na África, no Oriente, no Brasil e na Europa, para se reorganizar como um país de alternativas éticas, saudáveis e sustentáveis em trânsito para um novo paradigma da consciência, da cultura e da civilização. Esta candidatura-movimento assume como novo desígnio para Portugal o cuidado da Terra e de todos os seres vivos, que consideramos o grande desafio contemporâneo para superar a crise geral em que nos encontramos.

Programa:

18h – Boas vindas aos presentes, em nome da candidatura-movimento OPE

18h10 – 18h15 – Concerto de Silêncio / Escuta Silenciosa do Som do Mundo (5 m)

18h15 – 18h30 – Performance de Sandra Battaglia

18h30 – 19h15 – Declarações de apoiantes e representantes de iniciativas alternativas: José Anacleto, Vítor Pomar, Luís Resina, Pedro Cuíça, Luís Miguel Dantas, Rui Vasques, Cândida Rato, Ana Lúcia

19h15 – 19h30 – Pré-apresentação do novo livro de Paulo Borges "Outro Portugal Existe" (Edições Mahatma), com os textos fundamentais desta candidatura-movimento.

19h30 – 20h00 – Intervenção do candidato Paulo Borges

20h00 – 20h30 – Poesia à Solta / Festa da Expressão Musical

-- 20h00 – 20h30 - Manga di Rônco

-- 20h30 – 20h45 – Rui Vasques

20h45 – 21h30 – Refeição partilhada

Banquete com partilha de comida e bebida vegana / vegetariana, tanto quanto possível biológica e produzida local ou regionalmente (tragam os vossos contributos). A refeição terá lugar na praia fluvial junto ao Cais das Colunas ou nos relvados a 100 m na direcção do Cais do Sodré.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Bem-aventurados os que param

Vivemos cheios de pressa. Confundimos acção com agitação, sem rumo nem orientação ou com objectivos mesquinhos de poder, prestígio, visibilidade, sucesso e lucro. Saltamos de experiência para experiência, de sensação para sensação, de pensamento para pensamento, para obter e acumular o que sempre nos foge mais por entre as mãos. Perdemos a capacidade do vagar e da demora contemplativos. Não damos por nada no afã de dar por tudo. Nada aprofundamos. Em nada nos detemos. Fazemos zapping por nós mesmos e pelo mundo.

Bem-aventurados os que param. Na alegria de ser. No amor profundo de tudo. Bem-aventurados os que têm tempo e redescobrem a plenitude nas coisas mínimas: num raio de sol a lamber uma esquina, na sombra esquiva de uma folha, no voo grácil de uma ave, na frescura de uma brisa, no mistério de um olhar, no sabor de um gole de chá. Bem-aventurados os lentos saboreadores da vida. Bem-aventurados os que renunciam à violência do sempre diferente, mais e melhor. Bem-aventurados os que celebram. Bem-aventurados os que não produzem nem consomem.

Nesses um mundo intemporal se preserva. Nesses um mundo novo germina.

#outroportugalexiste

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Entrevista sobre a minha candidatura à Presidência da República

Entrevista sobre a minha candidatura à Presidência da República


Castelos de areia, natureza e civilização


O espectáculo do mundo é o melhor livro e o maior ensinamento. Há pouco na praia observei um grupo de miúdos e graúdos que laboriosamente, durante horas, construiu um belo e imponente castelo de areia encostado a um fragmento de rocha. Subitamente, a maré começou a encher e duas vagas maiores destruíram em poucos minutos o castelo que levou horas a construir. Só ficou a rocha.

Uma cena vulgar de praia que todos os Verões se repete. Mas não é uma imagem da ilusão da nossa civilização que tanto trabalho e sacrifício das nossas vidas nos custa todos os dias para se construir e reproduzir? Não é uma imagem da sua fragilidade e efemeridade? Com a diferença de que os construtores do castelo de areia sabiam que ele tinha uma vida curta e construíram-no por puro divertimento, enquanto nós alimentamos a ilusão de que o castelo de areia das nossas cidades, tecnociência, economia e sistemas políticos vai durar para sempre e não estamos preparados para sobreviver ao seu colapso. Mesmo quando a história nos ensina que todas as grandes civilizações ruíram e algumas sem deixar rasto. E mesmo quando a nossa civilização é um castelo de areia que se constrói destruindo as condições de sustentabilidade de toda a praia.

É belo ver seres humanos a construir castelos de areia na praia, mas é terrível ver homens de ciência, economistas e políticos a pretenderem e prometerem construir uma civilização duradoura contrária às leis da própria Terra. O nosso problema é querermos uma natureza conforme aos desejos da civilização e não uma civilização conforme às leis da natureza, a começar pela da interdependência e impermanência de tudo.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Anuncio a minha candidatura a presidente da República



Caros Concidadãos
Caras Amigas e Amigos

Venho anunciar a minha candidatura a presidente da República.

Candidato-me a presidente da República porque é a Hora de não sufocar mais a voz da consciência que no íntimo de cada um de nós aspira a uma Vida plena, desperta e solidária e não à vida estreita e insatisfeita de pessoas que trabalham, produzem e consomem condicionadas por um sistema que começa nas ilusões, medo, letargia, passividade e conformismo das nossas mentes, passa pela cultura oficial de pensamento único e termina nas instituições sociais públicas e privadas. Candidato-me a presidente da República porque entendo que um presidente da República, para além das suas funções constitucionais, deve ser não só um intérprete das aspirações mais profundas da nação, mas também alguém que lhe aponte um rumo colectivo em conformidade com os valores fundamentais da consciência humana e os desafios maiores do momento histórico que vivemos.

Candidato-me a presidente da República porque é a Hora de convocar um debate prioritário acerca de quais os princípios e valores fundamentais que devem presidir à vida económica, social e política de uma nação, no contexto mais amplo da evolução humana e da civilização global. É inaceitável que isto esteja ausente das preocupações da classe política, dos agentes e responsáveis culturais e da comunicação social. É a Hora de denunciar a colonização e intoxicação do nosso imaginário colectivo pelo novo mito, religião e superstição do crescimento económico a todo o custo e pela nova escravatura do trabalhismo, produtivismo e consumismo, que apenas serve para fazer crescer os lucros das grandes corporações enquanto destrói os vínculos comunitários, aumenta as desigualdades sociais, converte a Terra num imenso depósito de lixo, destrói a biodiversidade e os ecossistemas e instrumentaliza e sacrifica as vidas de humanos e animais. É a Hora de dizer basta a um espaço público saturado de economia e finanças, quedas e subidas das bolsas, exaltações e depressões dos mercados, subida e descida do PIB, crises bancárias, tricas partidárias, reivindicações estreitas, mediatismos tontos, famas efémeras, publicidade e consumo ávidos, corrupção, criminalidade, telenovelas e espectáculos de massas para esquecer a futilidade e frustração de tudo isto.

Candidato-me a presidente da República porque - quando vivemos um momento crítico da civilização global, no qual relatórios científicos isentos apontam o risco de um colapso ecológico-social sem precedentes a curto/médio prazo, caso não se inverta já o modelo de uma economia baseada na quimera do crescimento económico ilimitado num planeta com recursos naturais finitos - , é a Hora de assumir como novo desígnio para Portugal, a Europa e o mundo o cuidado da Terra e de todos os seres vivos, na linha da ética global e da ecologia integral – espiritual, social e ambiental - defendidas por grandes vozes da consciência contemporânea, entre as quais a de Agostinho da Silva, do Dalai Lama e do Papa Francisco, na sua última encíclica.

Candidato-me a presidente da República porque, neste momento de nevoeiro, confusão e divisão, é a Hora de repensar seriamente qual o sentido da existência de Portugal como nação e decidir qual o melhor rumo a dar-lhe nesta crise e fim de ciclo de toda uma civilização, na qual se revela o fracasso da União Europeia e novas formas de opressão económico-financeira se instalam na Europa e no mundo. É a Hora de redireccionar a nossa energia colectiva, que desde a expansão marítima anda fora de si em busca de aventura e riqueza material – África, Oriente, Brasil, Europa - , reorganizando de forma ética, saudável e sustentável o nosso espaço externo e interno para servirmos a evolução global da humanidade. Como desde há muito defendo nos meus livros e intervenção pública, é a Hora de actualizar perante os desafios contemporâneos a visão de Luís de Camões, Padre António Vieira, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, entre outros, da vocação de Portugal para contribuir para um novo ciclo da consciência, da cultura e da civilização, sob o signo da paz, da justiça e da universalidade, que hoje não se podem pensar apenas à escala humana.

Candidato-me a presidente da República porque creio firmemente que Portugal pode e deve, com a qualidade dos seus recursos naturais, energéticos e humanos, despertar para assumir o novo desafio colectivo de ser o mais possível um país ético, saudável e sustentável e uma nação-alternativa, consciente e solidária na relação com todos os povos, todos os seres e a Terra. É deste grande desafio que necessitamos para reunir, regenerar e relançar a nossa energia dispersa, deprimida e alienada.

Candidato-me a presidente da República porque é a Hora de dizer que uma sociedade minimamente sã não é um espaço de alienação, distracção e anestesia, em que predomina a competição por mais riqueza, poder, fama e prazer fugaz, mas antes de reflexão e debate sobre o que verdadeiramente importa, por mais incómodo que seja e questione todas as nossas ideias feitas: o sentido da vida e da morte; a superação do medo, da solidão e do sofrimento; o auto-conhecimento, o desenvolvimento e a realização de todo o potencial humano; o amor, a felicidade, a liberdade e a responsabilidade pelo bem da Terra e de todos os viventes, incluindo as gerações futuras de humanos e animais; a cooperação na criação de condições e estímulos culturais, educativos e sociais para a Vida boa e plena a que todos aspiramos, sabendo que tem de ser ética e solidária.

Candidato-me a presidente da República porque é a Hora de dizer com frontalidade que as mais profundas aspirações humanas pouco ou nada têm a ver com o Portugal superficial e aparente - o Portugal do Estado, das instituições e da burocracia, dos partidos, dos governos e das oposições, dos sindicatos politicamente controlados e da comunicação social manipulada - , que se afunda num marasmo e decadência mentais, sociais e políticos sem precedentes, próprios deste fim de ciclo da civilização globalizada. O mal-estar psicológico e social, o aumento da tristeza, da ansiedade e da depressão (Portugal é um dos países do mundo que mais consome anti-depressivos), bem como dos comportamentos anti-sociais, das dependências e dos índices de abstenção cívica e eleitoral, são o espelho fiel de que as pessoas se sentem infelizes e perdidas na (des)orientação social dominante e não reconhecem na política convencional a mínima alternativa.

Candidato-me a presidente da República porque é a Hora de assumir que desde sempre e cada vez mais existe Outro Portugal, que irrompe por entre as brechas do asfalto do Portugal institucional, como rebentos de ervas primaveris. Esse é o Portugal real e profundo, o Portugal da natureza, das pessoas e de todos os seres vivos, o Portugal das nossas vidas e dos nossos sonhos, o Portugal das alegrias simples e boas de viver, contemplar, criar e amar, o Portugal da dádiva e da partilha desinteressadas, o Portugal das amizades e dos afectos, o Portugal do haver tempo para tudo e da suprema vocação de “poeta à solta” de que falava Agostinho da Silva. Se por um lado este Outro Portugal – na medida em que está preso nas malhas do Portugal institucional, por sua vez metido no colete de forças da política europeia e mundial e dos interesses corporativos e económico-financeiros que a dominam - padece de desespero, revoltas e desenganos, por outro é rico de exemplos, dinamismos e iniciativas que são desde já a diferença que queremos ver no mundo e convergem para uma sociedade, uma cultura e uma civilização completamente diferentes: uma sociedade, uma cultura e uma civilização da consciência desperta, livre e solidária, que reconheça a interdependência de todas as formas de vida e da Terra e se empenhe no seu bem comum.

Candidato-me a presidente da República não propriamente porque queira ser presidente da República. Na verdade não quero ir viver para um palácio, andar num carro de luxo com motorista e polícias à frente, viver rodeado de seguranças e jornalistas e deixar de andar a pé o mais possível, por onde bem entender. Não quero deixar de ser livre e dizer e fazer exactamente o que sinto e penso, seja com quem for e em qualquer situação que seja. Também não quero ganhar mais do que o necessário. Mas candidato-me a presidente da República porque esta candidatura é diferente e não é só minha: esta candidatura é a voz de uma aspiração colectiva que assume a forma de um movimento de consciência, cultural e cívico que visa dar a conhecer, promover e desenvolver o Outro Portugal que já existe, mais ético, saudável e sustentável e que em muitos aspectos funciona melhor que o Estado e as instituições oficiais sem deles depender: o Portugal das iniciativas solidárias e de apoio mútuo, o Portugal das associações humanitárias, de defesa dos animais e ambientalistas, o Portugal de todas as pessoas, grupos e movimentos que em diversas áreas – espiritualidade, cultura, educação, nutrição, terapias, permacultura e agricultura biológica, economia da troca e da dádiva, moedas locais, cooperativas locais de produtores e consumidores, descentralização e auto-gestão, novas formas de organização e intervenção social e política, etc. – já convergem com alternativas para um Outro Mundo que é possível porque já está a ser criado. Este Outro Portugal é inseparável das múltiplas iniciativas afins no vasto movimento planetário que, não limitado pelo artifício das fronteiras nacionais, já converge no mesmo sentido.

Candidato-me a presidente da República porque esta candidatura é simultaneamente um movimento – Outro Portugal Existe – em prol de uma plataforma de pensamento e acção que promova a convergência de todas as iniciativas alternativas, éticas, saudáveis e sustentáveis, criando em Portugal, em conexão com iniciativas convergentes em todo o mundo, um dinamismo mental, cultural e social permanentemente orientado para o Bem comum (abrangente de todos os seres e da Terra). Independente do Estado, dos governos e dos partidos, o movimento Outro Portugal Existe visa fazer desde já acontecer, tanto quanto possível, a mudança que desejamos, sem ficarmos à espera que ela venha por decreto de quem não quer mudar. Esta candidatura e movimento visam catalisar a transição não-violenta para uma sociedade que evolua ao ponto de cada vez mais viver segundo os princípios de Gandhi, que contêm em si todo um programa de acção: sarvodaya (a elevação ou o bem de todos, os humanos, os animais e a Terra); swaraj (auto-governo, no sentido amplo que vai desde a auto-disciplina interior, com uma vida de abundância frugal, até à descentralização do exercício do poder em formas de democracia participativa ou directa e numa sociedade auto-gerida); swadeshi (auto-subsistência das economias locais, com produção e consumo local do necessário, sem visar o lucro, alternativa ao sistema económico dominante e ao seu tremendo impacto ecológico). Esta candidatura e movimento não visam combater o modelo social dominante dentro das suas regras – como o fazem os que o pretendem mudar conquistando o poder e acabando por reproduzi-lo - , mas antes criar, desenvolver e coordenar espaços de vida cada vez mais liberta que, começando por parecer marginal ao modelo social dominante, mostre a pouco e pouco ser este que na verdade é marginal a uma Vida boa e plena. Esta candidatura/movimento não visa por isso converter-se num novo partido político, que por sua natureza é cúmplice e refém do modelo social dominante e apenas promove o carreirismo dos dirigentes e a passividade dos eleitores.

Candidato-me a presidente da República por todos os motivos expostos e em prol de uma mudança de fundo, sabendo que para isso é necessário que ela comece e se aprofunde no íntimo de cada um de nós. Contrariamente ao que desde há séculos se tenta cegamente fazer, piorando cada vez mais a situação do mundo, a mudança social, económica, jurídica e política tem de vir de uma profunda mudança cultural e esta de uma ainda mais profunda transformação da consciência. A grande chave para a resolução de muitos dos grandes problemas do mundo contemporâneo é a redescoberta da espiritualidade, entendida como o despertar fraterno e contemplativo-activo da consciência, que não tem de assumir formas religiosas e pode e deve ser transversal a crentes e descrentes. Para nos libertarmos desde já da nova escravatura do trabalhismo, produtivismo e consumismo, com a consequente e crónica falta de tempo para tudo e agressão constante contra nós mesmos, a Terra e todas as formas de vida, é necessário assumirmos como desígnio pessoal e nacional o reaprender a pura alegria de ser, respirar e viver, aqui e agora, sem estarmos constantemente dominados pela carência e avidez que é o combustível imaterial sem o qual os outros não seriam tão necessários e a economia predadora mundial não poderia funcionar. Se procuramos um paradigma alternativo ao capitalismo, temos de deixar de ter mentes capitalistas, sempre sequiosas de acumular mais, sacrificando os interesses alheios e a harmonia ecológica. Para isso não basta a adesão formal a princípios intelectuais e morais que não se conseguem pôr em prática sem a transformação da mente mediante a prática regular dos métodos contemplativos e meditativos transversais a todas as culturas, cujos imensos benefícios são hoje cientificamente comprovados, no plano do desenvolvimento integral do ser humano, da educação, da saúde e da transformação social. Candidato-me assim a presidente da República para transmitir a mensagem de que Portugal, primeiro que tudo, precisa de mentes e corações mais calmos, pacíficos, felizes, livres, despertos e empáticos, precisa de mulheres e homens mais sintonizados com a sua natureza profunda e mais focados no amor e compaixão incondicionais por todos os seres vivos, pois é daí que podem advir sólidas e duradouras mudanças nas práticas sociais, políticas e económicas.

Candidato-me a presidente da República porque é a Hora de assumir que a política será sempre estreita e medíocre sem a espiritualidade, com a inerente ética altruísta e de não-violência. Esta candidatura e movimento são um projecto de transformação integral e global da nação a partir da transformação interior, são uma iniciativa meta-política de transformação da própria política a partir de uma micropolítica da consciência, pela qual o bom auto-governo geral da nação se enraíze no melhor auto-governo pessoal de cada um pelo melhor de si mesmo, abandonando uma percepção do mundo centrada na ficção de um eu independente e trocando-a por uma percepção do mundo como totalidade interdependente de seres com uma mesma e única aspiração fundamental: uma Vida boa e plena. Candidato-me a presidente da República para exortar à transição do ego para o eco.

Candidato-me a presidente da República não porque tenha soluções claras e imediatas para tudo, mas porque quero ajudar a despertar consciências para a necessidade de juntos as procurarmos e experimentarmos, sacudindo a letargia, a passividade e o conformismo. Assumo esta candidatura/movimento como um processo em aberto de escuta e recolha das necessidades, aspirações e propostas dos cidadãos, das organizações e dos colectivos em prol da constituição de uma plataforma convergente de pensamento e acção que aponte soluções concretas para a reorganização social e económica e o auto-governo colectivo fundadas nos princípios e valores aqui assumidos.

Candidato-me a presidente da República porque sinto e entendo que devo erguer-me e levantar a voz, sabendo que comigo muitas vozes já se erguem e que seremos sempre mais, com a força natural de uma semente que germina, floresce e frutifica.

Candidato-me a presidente da República porque sou politicamente incorrecto e porque é a Hora de dar o meu contributo para que surja em Portugal aquele “indisciplinador” de consciências que Fernando Pessoa disse que precisávamos mais que tudo, bem como aquele “baralhar e dar de novo” a que exortava Agostinho da Silva.

Candidato-me a presidente da República porque, por mais que o espectáculo da política convencional – e sobretudo partidária - me desiluda, como à maioria dos portugueses, sou um idealista, embora com os pés assentes na terra, que acredita que a humanidade tem imensas potencialidades inexploradas de evolução, consciência e amor, desde que nos religuemos à nossa natureza autêntica e profunda, percamos o medo de ser tudo o que realmente podemos ser e abandonemos o apego à segurança que tanto nos prende e limita, mantendo-nos reféns de hábitos e rotinas.

Candidato-me a presidente da República porque sou louco, mas de uma loucura que sei compartilhada pela mulher e pelo homem livres que há no fundo de cada um de nós.

Não tenho nada, nem recursos, nem apoios, nem estrutura e máquina montadas para a recolha de 7500 assinaturas até Dezembro, bem como para a campanha. Esta não é uma candidatura de notáveis e de figuras mediáticas, pois notáveis somos todos nós. Nada tenho, mas conto com as pessoas que estão e que virão e confio no imenso Poder dos sonhos partilhados. Por isso tenho tudo e vou em frente.

É a Hora!

Outro Portugal existe!

Abraços fraternos

Paulo Borges
20 de Julho de 2015

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A única alternativa é O Movimento para um despertar global


"(falando sobre as mudanças climáticas) Está cada vez mais claro que o problema central é um modo de produzir cuja principal dinâmica é a transformação da natureza viva em mercadorias mortas, o que causa imensas perdas no processo. O motor deste processo é o consumo - ou, melhor dito, o excesso de consumo - e o motivo é o benefício ou a acumulação de capital; numa palavra, o capitalismo. Foi a generalização deste tipo de produção no Norte, e a sua expansão do Norte para o Sul durante os últimos trezentos anos, o que causou a queima acelerada de combustíveis fósseis como o carvão e o petróleo e uma rápida deflorestação, dois dos processos humanos chaves que estão por detrás do aquecimento global.

Uma forma de considerar o aquecimento global é vê-lo como uma manifestação chave da última etapa de um processo histórico: o da privatização dos bens comuns por parte do capital. A crise climática tem que ser vista, assim, como a expropriação do espaço ecológico das sociedades menos desenvolvidas ou mais marginalizadas por parte das sociedades capitalistas avançadas"

- Jorge Riechmann, Interdependientes y Ecodependientes. Ensayos desde la ética ecológica (y hacía ella), Proteu, 2012, p.293.

As mutações climáticas, o esgotamento dos combustíveis fósseis, dos solos e da água potável, a destruição da biodiversidade e o sofrimento imposto a milhões de seres humanos e não-humanos - com destaque para os animais sacrificados para os lucros da indústria da carne e da pesca - mostram que o actual modelo de crescimento económico é insustentável e eticamente inaceitável e que para salvar a vida neste planeta já não bastam as reformas de cosmética das políticas ambientais governamentais, mas que urge uma mutação profunda de todo o sistema cultural, comportamental e socioeconómico. Depois do aburguesamento, após a segunda Guerra Mundial, da população e dos sindicatos europeus, deslumbrados com o acesso ao consumo e ao suposto conforto material, é um bom e claro sinal da história que cada vez mais movimentos cívicos e sociais, independentes dos sindicatos e dos partidos políticos, coloquem em questão o macrossistema político-económico e o microssistema dos nossos estilos de vida individuais. O que está hoje em causa e em curso não são mudanças superficiais, mas sim uma mutação da civilização, como a história ensina que acontece sempre que mudam os recursos energéticos disponíveis.

Uma das principais razões pelas quais não nos mobilizamos em larga escala e imediatamente, como seria desde já necessário, para evitar as consequências trágicas, a curto prazo, das mutações climáticas, da destruição da biodiversidade e do consumo de carne e lactícinios, é que não há um inimigo externo a combater, pois o inimigo aqui somos nós próprios. Se fôssemos invadidos por uma nação estrangeira ou por extraterrestres mobilizávamo-nos como em tempo de guerra, mas quem se mobilizará contra si mesmo, contra a sua ignorância e hábitos ancestrais, enquanto não sofrer directamente as consequências todavia anunciadas por todos os relatórios científicos? E sobretudo quando a mudança não interessa à economia global de mercado, às grandes corporações industriais e aos governos por elas controlados?

Temo que mais uma vez, como na véspera das grandes Guerras Mundiais, nos encaminhemos para ser vítimas da pior cegueira, a de não querer ver. A única alternativa é O Movimento para um despertar global, que implemente uma mutação radical do modelo de crescimento económico, transitando para uma autocontenção da produção, do transporte e do consumo e para um sistema público de energias renováveis numa economia baseada em recursos e não no lucro. Um ecosocialismo democrático e não antropocêntrico baseado no respeito por todas as formas de vida.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Carta da minha desfiliação do PAN

Caras Amigas e Amigos
Caros Concidadãos

Venho tornar pública, com um sentimento de grande libertação e alegria, a minha desfiliação do PAN, partido do qual fui cofundador e presidente até me demitir em 13 de Setembro de 2013. Lamento ter assistido tão por dentro aos constantes conflitos e lutas internas por poder e protagonismo que devoraram este promissor projecto sobretudo a partir do momento em que obteve subvenção estatal e ascendeu ao limiar de poder eleger deputados a nível nacional. Sem me excluir, e assumindo as minhas muitas falhas, erros e imperfeições, assisti e continuo a assistir a coisas impensáveis num partido que se reclama dos mais nobres e elevados princípios éticos. Desde as eleições legislativas de Junho de 2011, em que estive à beira de ser eleito por Lisboa, até à minha demissão, a direcção e os recursos do PAN viram-se muitas vezes obrigados a sacrificar o trabalho positivo em prol das causas do partido para gerir conflitos causados por uma minoria de filiados que, por serem contrários às decisões dos Congressos, tudo fizeram para destruir o partido com processos e impugnações no Tribunal Constitucional, que se revelaram todos improcedentes.

Mas a cereja no topo do bolo da iniquidade foi posta por um grupo de carreiristas e ambiciosos que, após haverem apoiado estrategicamente a direcção a que presidi nos conflitos referidos, subitamente se voltou contra ela e passou a denegrir o trabalho até então feito para se apresentarem como salvadores do partido e encetarem uma campanha vergonhosa de calúnias, difamações e ataques pessoais a mim, à direcção e às pessoas da minha confiança. Estou de consciência tranquila, pois o trabalho que denegriram e que a minha equipa deixou no PAN foi de um partido credibilizado perante a população, com um crescimento sustentado e resultados eleitorais que observadores externos reconheceram como posicionando-o para chegar à Assembleia da República nas próximas legislativas. Foi precisamente isso que moveu o grupo que tomou o poder, que não hesitou em quebrar a unidade interna que se estava a conseguir para se unir a alguns da minoria antes referida e colocar-se em posição de serem eles a poder escolher-se para cabeças de lista às próximas legislativas, como agora está a acontecer, sem a mínima transparência para com os filiados. A ambição cega destas pessoas não hesitou em criar uma ruptura que, com a minha demissão e recusa de me recandidatar, pois fiquei farto de tanto lodo, levou ao afastamento e desfiliação de muitas dezenas – talvez cerca de uma centena ou mais – de filiados, entre os quais a espinha dorsal da equipa que levou o PAN a tão bons resultados no passado.

Não bastando isto, e como era de esperar, a actual comissão política permanente do PAN – com a cumplicidade da comissão política nacional – tem conduzido o partido num rumo desastroso, desde logo ao entrar com outros partidos numa coligação liderada pelo PS nas eleições para a Assembleia Regional da Madeira, onde sempre tinha tido os melhores resultados e conseguido eleger um deputado em listas próprias, do que resultou a perda desse deputado. Quando antes tinham atacado como lobos a mim e à direcção anterior por resultados supostamente menos positivos do que desejavam, agora não houve a mínima autocrítica e assunção pública de responsabilidades (estrategicamente acabaram com a figura do presidente, diluindo a responsabilidade num colectivo sem rosto). Quanto à orientação política do PAN actual, é óbvio que, apesar do nome Pessoas-Animais-Natureza, se optou por uma colagem quase exclusiva à causa animal e em especial à defesa dos animais de companhia, pois é o que mais fala às emoções imediatas das pessoas e dá mais votos. Salvaguardada a nobreza da defesa dos animais, de companhia e outros (dos quais o PAN menos se ocupa, como os que mais sofrem nas unidades de pecuária intensiva), isto é tanto mais hipócrita e oportunista quando a maioria dos animalistas de raiz abandonaram também o partido e quem lá está nos lugares dirigentes, salvo algumas excepções, não ser propriamente animalista. Com isto, todavia, o PAN está a abdicar de uma proposta global para o país, tendo-se tornado um partido que defende pequenas reformas sectoriais e não um partido, como sempre defendi quando lá estive, que ponha em causa as raízes e a estrutura do sistema. Isto é a meu ver um suicídio político e, independentemente dos próximos resultados eleitorais, o PAN já cortou todas as pernas para andar, reduzindo-se a um pequeno nicho eleitoral do qual jamais passará. Muitas outras coisas poderia referir, como a hipocrisia do actual porta-voz do partido, que no passado me atacou por defender que a promoção da meditação devia fazer parte das bandeiras políticas do PAN, no âmbito do que chamo a política da consciência e com imensos benefícios no plano da mudança mental, da educação e da saúde, e agora vem defendê-la numa entrevista.

Dito isto, e silenciado muito mais, quero dizer que, ao contrário do que possa parecer, não estou minimamente ressentido com o que aconteceu. Digo o que digo apenas por uma salutar indignação e pelo mesmo amor da justiça e da verdade que me levou a ser um dos fundadores do PAN, pois já abraçava as suas causas muito antes do PAN existir. Estou antes infinitamente grato por tudo isto me haver confirmado as razões da reserva e do incómodo que desde o início senti ao estar num partido. Hoje estou convicto que um partido político, seja ele qual for, e com ele o actual modelo de democracia representativa, só estimulam o pior que há em todos nós: por um lado desejo de poder, prestígio e protagonismo, desejo de tachos parlamentares, desejo de poleiro; por outro, passividade e desresponsabilização, esperando que alguém resolva por nós os nossos problemas e limitando a nossa intervenção cívica a um voto de vez em quando.

Portugal, a Europa e o mundo, neste momento de mudança civilizacional, necessitam de outra coisa. Os partidos e a política partidária e convencional são já peças de museu da história. Há outros dinamismos culturais, sociais e cívicos emergentes, há um movimento a surgir, em prol de uma mudança que vem do interior para o exterior e que opera uma nova aliança entre os humanos, os animais não-humanos e a Terra. Há um Poder que está nos nossos corações e nada tem a ver com a luta pelo poder. Há uma capacidade de nos organizarmos para uma Vida boa sem ficarmos dependentes do Estado e dos governos. É aí que estou e sempre estarei. Disto vos darei novidades em breve.

Saudações e abraços fraternos a tod@s!

Paulo Borges

8 de Julho de 2015

terça-feira, 7 de julho de 2015

Ócio e Negócio

Ócio: o que permite ver a cor do céu e sentir os pés na terra. Negócio: o que só faz pensar no que não existe.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Gratos, Grécia!

Agradeço, estou certo que em nome de milhões de portugueses, aos gregos por terem votado a favor dos nossos interesses e da libertação dos povos dos agiotas da finança internacional! E sinto uma profunda vergonha pelas posições do presidente e primeiro-ministro portugueses, incluindo Portas e António Costa que ficou no habitual nem carne nem peixe, ele que nem consta que seja vegetariano... :) Que o exemplo do povo grego nos contagie a todos e que o amor da liberdade nos levante do túmulo!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Desaprender e reaprender tudo. Deixar de viver mortos. Despertar

Somos uma sociedade que perdeu a alegria de ser, contemplar, criar e amar. Por isso vivemos no frenesim de trabalhar para produzir, lucrar e consumir, no frenesim de nos ocuparmos sempre mais a superar alguém e a fazer mais coisas, no frenesim da busca de estímulos e distracções a todo o custo que nos deixam cada vez mais sedentos e insatisfeitos. É esta a nossa maior violência, contra nós e contra tudo. É ela que está a destruir os nossos bens e recursos mais preciosos, as nossas vidas, o tempo, a Terra, as vidas de todos os seres. É por esta violência que a economia mundial nos devora e o planeta se enche de dejectos industriais, a materialização do lixo interno da nossa avidez insaciável.

Como é ingénuo e ilusório pensar que isto se resolve com medidas externas, jurídicas, políticas ou económicas! Chega de paliativos e manobras de diversão. É de saber viver que necessitamos. Reaprender a felicidade de respirar, de dar um passo sobre a terra, de contemplar o céu, de beber um gole de água fresca, de acariciar um ser vivo, humano, planta ou animal. Reaprender o êxtase de amar toda a expressão da Vida. Desaprender e reaprender tudo. Deixar de viver mortos. Despertar. Aqui-Agora.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

É a Hora de mobilizar a sociedade para o bem comum à margem de Estados, governos e partidos

A (des)União Europeia definha numa guerra de contabilistas, enquanto os povos, os seres vivos e a Terra padecem uma economia da predação ao serviço da ganância das grandes corporações. É a Hora de mobilizar a sociedade para o bem comum à margem de Estados, governos e partidos, de modo a que sejam os Estados, os governos e os partidos que se revelem marginais a uma sociedade auto-organizada. É a Hora de reconhecer que o poder não está nas instituições, mas nas nossas vidas: o poder de ser e de agir com consciência e amor, pelo bem da Terra e de todos os seres vivos. É a Hora de Despertar.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Precisamos de um movimento apartidário e de outro estilo de vida

Uma das maiores armadilhas desta chamada democracia é que as pessoas se habituaram a esperar tudo dos governos e dos partidos e pouco ou nada de si mesmas. A democracia representativa infantiliza e desresponsabiliza os eleitores, que reduzem a sua responsabilidade a delegarem periodicamente responsabilidades noutros que pertencem a corporações de interesses e sobre os quais não têm o mínimo conhecimento nem poder. A democracia representativa é a forma moderna da alienação, do controle e da opressão social. Precisamos de outra coisa. Não de outros governos ou partidos, mas de outro estilo de vida, que passe também por formas de democracia directa e por comunidades locais autogeridas. Precisamos de um movimento apartidário que desperte a sociedade nesse sentido.

sábado, 27 de junho de 2015

A quietude é uma tremenda forma de acção

Acordei com uma ideia curiosa: se ninguém quiser mudar o mundo e ficar apenas quieto, aqui e agora, o mundo muda imediata, completamente e para muito melhor. A quietude é uma tremenda forma de acção. A Paz é revolucionária.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O grau de evolução de uma sociedade mede-se pelo nível geral de consciência e amor

O grau de evolução de uma sociedade mede-se pela sua capacidade de promover um modo de vida ético, justo e solidário independentemente do Estado, dos governos e dos partidos. Uma sociedade consciente mobiliza-se constantemente para o bem comum e não vive focada nos momentos eleitorais. O grau de evolução de uma sociedade mede-se pelo nível geral de consciência e amor, extensivos a todos os seres vivos e à Terra. Temos todos a responsabilidade de converter Portugal numa sociedade evoluída e isso começa por esperar tudo de nós e não do Estado, de governos ou partidos.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

As sociedades como unidades de produção e reprodução industrial de ilusões

As sociedades tornaram-se - se é que alguma vez não o foram - tremendas unidades de produção e reprodução industrial de ilusões. O que está em causa no seu governo é apenas a gestão da fantasia colectiva. Se é mais à esquerda, à direita ou ao centro na verdade pouco importa. É essa a razão pela qual a política convencional - com eleições, partidos e demais parafernália - jamais mudou e jamais mudará algo de essencial, para além do verniz do devaneio colectivo e da satisfação do desejo de poder, protagonismo e visibilidade dos egos. Se queres uma mudança profunda, busca-a no fundo da consciência-coração e na comunidade radical da Vida, na comunhão íntima de todos os seres, aquém e além do delírio da história, das sociedades e das nações humanas. Busca-a na Saúde e abandona os hospitais psiquiátricos das nações à sua alucinação frenética. Então descobrirás um mundo-outro, não só possível, mas desde sempre Real. Tão estranho a leis, votos e governos quanto o Céu e a Terra às vãs (pre)ocupações do esquizofrénico formigueiro humano.

sábado, 13 de junho de 2015

O que se venera nos altares de todas as religiões do mundo


O que se venera nos altares de todas as religiões do mundo é este Fogo-Luz vivo que habita o mais íntimo de nós e de todas as coisas. Mas não basta crê-lo ou sabê-lo. É preciso experimentá-lo. Não só fugazmente, mas a cada instante. Só aí terminam o medo e a angústia, a agressão e a avidez, e com eles todo o mal que fazemos a nós, aos outros seres vivos e à Terra.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A verdadeira causa do nosso mal-estar

"Muito para além do que pensou Freud, a verdadeira causa do crescente “mal-estar na civilização” é o vivermos muito aquém da nossa verdadeira natureza e das nossas mais fundas potencialidades internas. É dessa profunda privação, bem como do seu não reconhecimento, que vem o desejo compensatório e compulsivo de prosperar e realizar todo o tipo de desejos no mundo material exterior. É por vivermos muito abaixo das nossas profundas potencialidades espirituais que acabamos por desejar viver muito acima das nossas reais possibilidades materiais, tornando-nos escravos-responsáveis do sistema capitalista de produção e consumo que explora e gere esta nossa vulnerabilidade, com todas as consequências a nível social, económico, ambiental e político que configuram a mais visível crise em que nos encontramos. Mas esta crise externa é apenas o efeito de uma crise interna, de natureza espiritual, e não pode ser superada sem que esta o seja. De outro modo, continuaremos a combater sintomas em vez de irmos à sua origem, que é o que têm feito desde há séculos as tentativas de mudança meramente social, económica e política, cuja história é o currículo dos seus fracassos e, muitas vezes, do trágico agravamento dos problemas que tentaram resolver."

- Paulo Borges, "A verdadeira causa do nosso mal-estar", in Quem é o meu Próximo?, ensaios e textos de intervenção por uma consciência e uma ética globais e um novo paradigma cultural e civilizacional, Lisboa, Edições Mahatma, 2014, p.117.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Viver no presente?


"Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.

Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede"

- Alberto Caeiro, "Poemas Inconjuntos".

sábado, 16 de maio de 2015

quinta-feira, 14 de maio de 2015

O que é preciso para ser budista e praticar o budismo?


O crescente interesse pelo budismo é acompanhado por um não menor desconhecimento e confusão acerca do que é e do que implica seguir a via do Buda. Mesmo quem conhece um pouco o budismo, frequentemente considera que tudo está contido nas quatro nobres verdades – apenas relativas ao sofrimento - , desconsiderando o caminho óctuplo, que começa pela visão correcta ou pela sabedoria, sem a qual não há a possibilidade do pleno despertar da consciência. Sem sabedoria, não é possível ser “budista” e muito menos o que acima de tudo importa: ser Buda, uma consciência desperta. Tudo vem da visão, que determina a nossa motivação e acção.

Este seminário visa apresentar os 4 selos, propostos pelo Buda para nosso estudo, reflexão e meditação como expressão da natureza autêntica das coisas:

1. Todos os fenómenos compostos são impermanentes.
2. Todas as emoções são insatisfatórias.
3. Nada existe em si e por si.
4. O nirvana/despertar transcende todos os conceitos.

Segundo a tradição do Buda, quem compreender e aceitar estes 4 selos está na via do Buda / Despertar, mesmo que nunca tenha ouvido falar dela, e quem não os compreender e aceitar não segue na verdade a via do Buda / Despertar, por mais que se considere “budista” e faça práticas “budistas” há dezenas de anos. Este seminário visa ajudar a compreender os 4 selos e a base de toda a via do Buda. Como complemento aconselha-se a leitura de O que não faz de ti um budista, de Dzongsar Jamyang Khyentse (Lua de Papel, 2009).

O seminário será orientado por Paulo Borges. Tentando praticar a via do Buda desde 1983, tem orientado desde 1999 workshops, cursos e retiros de introdução teórica e prática ao budismo e à meditação. Professor de Filosofia na Universidade de Lisboa. Cofundador e ex-presidente da União Budista Portuguesa (2002-2014). Cofundador e presidente do Círculo do Entre-Ser. Tradutor de textos budistas, como Estágios da Meditação, de Sua Santidade o Dalai Lama (Lisboa, Âncora Editora, 2001), o Livro Tibetano dos Mortos (Lisboa, Ésquilo, 2006) (com Rui Lopo), A Via do Bodhisattva, de Shantideva (Lisboa, Ésquilo, 2007), O Caminho da Grande Perfeição, de Patrul Rinpoche (Lisboa, Ésquilo, 2007) e O que não faz de ti um budista, de Dzongsar Jamyang Khyentse (Lua de Papel, 2009). Entre outras obras é autor de O Budismo e a Natureza da Mente (com Matthieu Ricard e Carlos João Correia, Lisboa, Mundos Paralelos, 2005), de Descobrir Buda. Estudos e ensaios sobre a via do Despertar (Lisboa, Âncora Editora, 2010), de Quem é o meu Próximo? Ensaios e textos de intervenção por uma consciência e uma ética globais e um novo paradigma cultural e civilizacional (Lisboa, Mahatma, 2014) e de O Coração da Vida. Visão, meditação, transformação integral (Lisboa, Mahatma, 2015).

Data e horário: dia 18 de Maio, das 19.30 às 22.30.
Contribuição: 20 euros
Uma real indisponibilidade financeira não é impeditiva.

Local: União Budista Portuguesa, Av. Cinco de Outubro, n.º 122, 8.º Esq., 1050-061 Lisboa.

Contactos: 213 634 363 (das 17h00 às 21h00)
Email: sede@uniaobudista.pt
Metro: Campo Pequeno
Autocarros: 21, 38, 44,49, 54, 56, 83, 727, 732, 738, 745
Comboios: Entrecampos

terça-feira, 12 de maio de 2015

"Eu" exterior e "eu" interior


“Mas o “eu” exterior, o “eu” de projectos, de finalidades temporais, o “eu” que manipula objectos para tomar posse deles, é alheio ao “eu” escondido e interior que não tem projectos e não procura realizar nada, nem sequer contemplação. Ele procura apenas ser e mover-se (pois é dinâmico) de acordo com as secretas leis do próprio Ser e de acordo com os incitamentos de uma Liberdade Superior (isto é, de Deus), em vez de planear e realizar de acordo com os seus próprios desejos”

- Thomas Merton, The Inner Experience. Notes on Contemplation, 2004, p.5.

sábado, 9 de maio de 2015

As duas dimensões universais da experiência mística


“Para falar verdade, a experiência mística não comporta senão duas dimensões absolutamente universais e independentes da subjectividade dos indivíduos. A primeira é negativa: é a certeza de que tudo o que a experiência dá a ver, a escutar, a sentir, é sem medida comum com o conhecido, o familiar, o categorizável, as estruturas do nosso universo físico e social. Abre-se aqui um abismo onde desaparecem todas as nossas referências, tudo aquilo sobre o qual se apoia a nossa consciência de nós-mesmos, dos outros e do mundo. Aqui se perfila o absolutamente outro, o irrepresentável, o indizível. (...) há o outro lado da experiência, o qual, sem contradizer a primeira no quer que seja, lhe confere um sentido e a torna vivível para nós. A primeira tritura todo o pensamento e amordaça toda a palavra. Aí onde se apresenta só reina a angústia. Mas o êxtase é a superação da angústia neste sentido em que o seu outro rosto se chama o não-sofrimento. Num modo que escapa ao entendimento é-nos anunciada a Boa Nova da universal reconciliação: tudo está bem para sempre, nos séculos dos séculos, os conflitos que nos dilaceram estão pacificados desde sempre, as nossas mais profundas aspirações já misteriosamente realizadas, os nossos desesperos sem fundamento, as nossas vidas desfeitas já recolhidas na solicitude ardente do Ser. Aquele que recebe uma tal mensagem, como poderia calá-la?”

- Michel Hulin, La Mystique Sauvage. Aux antípodes de l’esprit, Paris, PUF, 1993, p.279.