“Sou feito da inteira evolução da Terra; sou um microcosmo do macrocosmo. Nada há no universo que não esteja em mim. O inteiro universo está encapsulado em mim, como uma árvore numa semente. Nada há ali fora no universo que não esteja aqui, em mim. Terra, ar, fogo, água, tempo, espaço, luz, história, evolução e consciência – tudo está em mim. No primeiro instante do Big Bang eu estava lá, por isso trago em mim a inteira evolução da Terra. Também trago em mim os biliões de anos de evolução por vir. Sou o passado e o futuro. A nossa identidade não pode ser definida tão estreitamente como ao afirmar que sou inglês, indiano, cristão, muçulmano, hindu, budista, médico ou advogado. Estas identidades rajásicas são secundárias, de conveniência. A nossa identidade verdadeira ou sáttvica é cósmica, universal. Quando me torno consciente desta identidade primordial, sáttvica, posso ver então o meu verdadeiro lugar no universo e cada uma das minhas acções torna-se uma acção sáttvica, uma acção espiritual”

- Satish Kumar, Spiritual Compass, The Three Qualities of Life, Foxhole, Green Books, 2007, p.77.

“Um ser humano é parte do todo por nós chamado “universo”, uma parte limitada no tempo e no espaço. Nós experimentamo-nos, aos nossos pensamentos e sentimentos, como algo separado do resto – uma espécie de ilusão de óptica da nossa consciência. Esta ilusão é uma espécie de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e ao afecto por algumas pessoas que nos são mais próximas. A nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos desta prisão ampliando o nosso círculo de compreensão e de compaixão de modo a que abranja todas as criaturas vivas e o todo da Natureza na sua beleza”

- Einstein

“Na verdade, não estou seguro de que existo. Sou todos os escritores que li, todas as pessoas que encontrei, todas as mulheres que amei, todas as cidades que visitei”

- Jorge Luis Borges

sábado, 2 de maio de 2015

A Pobreza em Espírito. Para um encontro e diálogo cristão-budista (com José Tolentino Mendonça e Paulo Borges)


Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

5 de Maio, 3ª feira, 18:30

Dando continuidade a um encontro e diálogo com vários séculos – onde a cultura portuguesa foi pioneira - e particularmente vivo na actualidade, José Tolentino de Mendonça e Paulo Borges estarão juntos neste evento onde um cristão comentará um texto budista e um budista um texto cristão, em torno do tema do despojamento espiritual radical.

José Tolentino de Mendonça falará sobre o texto do mestre Lin-Tsi (séc. IX), fundador da escola Rinzai do budismo Ch’an: "Adeptos, quereis ver as coisas em conformidade com o Dharma? Guardai-vos apenas de vos deixardes extraviar pelas pessoas. Tudo o que encontrardes, no exterior e (mesmo) no interior de vós mesmos, matai-o. Se encontrais um Buda, matai o Buda! (...) É esse o meio de vos libertardes e de escapardes à escravatura das coisas; é essa a evasão, essa a independência!"

Paulo Borges falará sobre o sermão 52 de Mestre Eckhart (sécs. XIII-XIV), teólogo, filósofo e pregador dominicano, que tem pontos culminantes nas súplicas: “Por isso rogamos a Deus ser livres de Deus e receber a verdade e dela fruir eternamente aí onde os anjos mais elevados, a mosca e a alma são iguais, aí onde eu estava e queria o que era e era o que queria”; “Por isso rogo a Deus que me livre de Deus; pois o meu ser essencial está acima de Deus, na medida em que concebemos Deus como origem das criaturas”.

O moderador será o Professor Carlos João Correia e o encontro terá lugar no Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no dia 5 de Maio, às 18h 30m. A entrada é livre.

José Tolentino de Mendonça é sacerdote católico, teólogo e poeta. É vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa e responsável pelo Centro de Estudos de Religiões e Culturas Cardeal Höffner da Universidade Católica Portuguesa. Tem vasta obra, onde recentemente se destacam A Papoila e o Monge (haikus, 2013) e A Mística do Instante. O tempo e a promessa (2014).

Paulo Borges é professor de Filosofia da Religião e Pensamento Oriental no Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, cofundador e ex-presidente da União Budista Portuguesa (2002-2014), codirector da revista Todo o Mundo ENTRE Ninguém e presidente do Círculo do Entre-Ser, associação filosófica e ética inspirada no mestre budista Thich Nhat Hanh. Entre a vasta obra destacam-se, neste contexto, Descobrir Buda. Estudos e ensaios sobre a via do Despertar (2010) e O Coração da Vida. Visão, meditação, transformação integral (2015).

Organização: Grupo de Investigação de Filosofia Prática do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, com o apoio do Círculo do Entre-Ser, da União Budista Portuguesa e do Centro de Estudos de Religiões e Culturas Cardeal Höffner da Universidade Católica Portuguesa.

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