Muito se perdeu na ideia do ser humano como o único ser à
imagem e semelhança de Deus ou pelo menos na sua interpretação antropocêntrica.
Perdeu-se um humano ao nível do seu nome, relacionado com “húmus”, um ser
humano humilde e fraterno em relação à natureza e a todos os seres vivos e
perdeu-se um divino ou um sagrado multiforme, susceptível de ser reconhecido e
respeitado na Terra e no Céu e em todos os seres e fenómenos, inseparáveis
entre si: animais, humanos, deuses, espíritos, plantas, minerais.
Há ideias destrutivas. Esta é uma delas e os resultados estão
à vista na actual tirania humana sobre os animais e a natureza, na galopante destruição
da biodiversidade e na iminência de colapso ecológico.
Inverter a situação exige uma nova experiência de ser humano e
uma nova vivência do divino ou do sagrado: renovar o sentimento arcaico da sua
igual omnipresença em todos os seres e em todas as coisas, como a miríade de
rostos do invisível que em tudo e todos circula e de tudo e todos é
inseparável, como inseparáveis todos o são uns dos outros. Esta nova vivência e
sentimento é o embrião de uma nova civilização, pós-antropocêntrica e
trans-humanista. Aqueles que os trazem já hoje em si são os desvendadores e os
guardiões de um outro futuro: o da Vida, não o da morte para a qual a actual
civilização caminha a passos largos.
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