quinta-feira, 15 de agosto de 2013

"A ruptura cultural decisiva, a que hoje necessitamos, tem de apontar contra a mercantilização generalizada, o produtivismo e o desenvolvimentismo"


“O grande economista Kenneth Boulding já há muitos anos sugeriu que o PIB (Produto Interno Bruto) deveria considerar-se antes uma medida do custo interior bruto e que uma sociedade racional num planeta finito deveria orientar os seus esforços para minimizar este indicador, não para maximizá-lo. Minimizar o PIB – que mede as trocas mercantis – quer dizer: desmercantilizar.

A ruptura cultural decisiva, a que hoje necessitamos, tem de apontar contra a mercantilização generalizada, o produtivismo e o desenvolvimentismo. Tratar-se-ia de quebrar a identificação entre progresso e crescimento económico (produção de bens e serviços mercantis) […]. Necessitamos menos horas de trabalho, menos coisas, menos competição destrutiva, menos stress, menos desigualdade; e também mais cooperação, mais segurança existencial, mais democracia, mais tempo para a família e os amigos, mais tempo livre, mais festa… Precisamos que a qualidade (da vida, dos vínculos sociais, dos ecossistemas) prevaleça sobre a quantidade: uma concepção do progresso “pós-desenvolvimentista”, que teria de coincidir com a seguinte definição breve de desenvolvimento sustentável: vida boa dentro dos limites dos ecossistemas”

- Jorge Riechmann, Interdependientes y Ecodependientes, 2012, p.365.

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