Blogue pessoal de Paulo Borges. Um espaço em prol do despertar da consciência e de um novo paradigma cultural, ético-político e civilizacional, centrado no bem comum de todos os seres, humanos e não-humanos, e da Terra.
“Sou feito da inteira evolução da Terra; sou um microcosmo do macrocosmo. Nada há no universo que não esteja em mim. O inteiro universo está encapsulado em mim, como uma árvore numa semente. Nada há ali fora no universo que não esteja aqui, em mim. Terra, ar, fogo, água, tempo, espaço, luz, história, evolução e consciência – tudo está em mim. No primeiro instante do Big Bang eu estava lá, por isso trago em mim a inteira evolução da Terra. Também trago em mim os biliões de anos de evolução por vir. Sou o passado e o futuro. A nossa identidade não pode ser definida tão estreitamente como ao afirmar que sou inglês, indiano, cristão, muçulmano, hindu, budista, médico ou advogado. Estas identidades rajásicas são secundárias, de conveniência. A nossa identidade verdadeira ou sáttvica é cósmica, universal. Quando me torno consciente desta identidade primordial, sáttvica, posso ver então o meu verdadeiro lugar no universo e cada uma das minhas acções torna-se uma acção sáttvica, uma acção espiritual”
“Um ser humano é parte do todo por nós chamado “universo”, uma parte limitada no tempo e no espaço. Nós experimentamo-nos, aos nossos pensamentos e sentimentos, como algo separado do resto – uma espécie de ilusão de óptica da nossa consciência. Esta ilusão é uma espécie de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e ao afecto por algumas pessoas que nos são mais próximas. A nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos desta prisão ampliando o nosso círculo de compreensão e de compaixão de modo a que abranja todas as criaturas vivas e o todo da Natureza na sua beleza”
- Einstein
“Na verdade, não estou seguro de que existo. Sou todos os escritores que li, todas as pessoas que encontrei, todas as mulheres que amei, todas as cidades que visitei”
- Jorge Luis Borges
terça-feira, 9 de setembro de 2014
A meditação laica como a mais profunda e eficaz forma de activismo ambiental, social e político
E para isso, a partir da informação e da reflexão, só conheço uma via rápida e directa: a meditação laica. Sem dogmas religiosos, especulações intelectuais ou exortações morais, é ela que leva à experiência directa da não-separação eu-outro e ao amor-compaixão universais por tudo quanto existe, vive e sente. Por isso a vejo como o centro de uma nova ético-espiritualidade laica, transversal a crentes e descrentes, que está a emergir em todo o mundo.
Por isso vejo também a meditação – sentada e em movimento, na sua inseparável vertente contemplativa e activa - como a forma mais profunda e eficaz de serviço e activismo ambiental, social e político, pois estarmos e vivermos em paz, felizes com o ser e não com o ter, pensando, falando e agindo sempre pelo bem de tudo e de todos, é o caminho certo para uma sociedade solidária, de abundância frugal, livre do mito do crescimento económico ilimitado, onde o bem de todos - humanos, animais e natureza – se considere como o nosso próprio bem. E para isso basta começar por sentar e entrar na paz da respiração. Isso já é agir e a fonte de toda a acção esclarecida, sem a complicação de mil actividades e projectos e sem depender de governos, eleições e lutas partidárias. Sem depender de tudo aquilo que vem precisamente da dualidade, da confusão e da violência e sempre as reproduz.
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