sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Mensagem de Passagem de Ano do Círculo do Entre-Ser


Querid@s Amig@s,

Neste final de ano solar, que é sempre um período de transformação, o Círculo do Entre-Ser quer agradecer a todos os que nos têm acompanhado, apoiado e participado nas nossas actividades, e desejar a todos que o ano de 2017 vos traga tudo aquilo a que de melhor aspiram no mais íntimo dos vossos corações.

Confrontados com todos os sofrimentos e perturbações a que todos os seres, humanos e não-humanos, bem como o equilíbrio da própria Terra, estão cada vez mais expostos neste período crítico da civilização, as nossas aspirações são de que todos possamos contribuir e empenhar-nos cada vez mais no florescimento de uma cultura da interdependência e do despertar amoroso da consciência a nível global. Esta cultura tem de partir, primeiro que tudo, de uma profunda transformação da nossa mente e da sua percepção do mundo, para a partir daí irradiar em todas as esferas da nossa vida e actividades. Há que, como diz o nosso inspirador Thich Nhat Hanh, "ter tempo para contemplar profundamente a fim de reconhecer que a vida é una, que nós estamos na outra pessoa, que nós somos tudo, que tudo está interligado".

Para nos ajudar nesta transformação, somos todos herdeiros de um vasto e precioso património, o de todos os sábios e de todas as tradições sábias da humanidade, que nos têm transmitido tudo o que necessitamos, de acordo com as nossas condições psicológicas e histórico-culturais, para despertarmos da ilusão da separação e do egocentrismo e vivermos vidas plenas em comunhão e serviço do bem de todos os seres. Possamos nós honrar este património, continuando-o e enriquecendo-o com a nossa prática sincera, vendo e amando todo o cosmos e todos os seres em cada ser e fenómeno. Só assim nos libertaremos a nós e ao mundo, a nós-mundo, da ignorância, do ódio e da avidez e seremos a paz, sabedoria e amor-compaixão a que aspiramos.

Para aqueles de entre nós que seguem a via do Buda, recordemos que as Três Jóias - Buda, Dharma e Sangha - não são exteriores nem circunscritas ao budismo, tendo antes a natureza universal das qualidades fundamentais latentes em todos os seres: liberdade, sabedoria e amor-compaixão. Por isso só elas, e não o poder, a fama, a riqueza, o prazer fugaz ou qualquer outra experiência efémera, podem ser para nós e para o mundo um refúgio fiável e seguro. Que elas brilhem na nossa vida e que as possamos reconhecer em todas as coisas!

Um Entre-Abraço fraterno a tod@s

Círculo do Entre-Ser

"Nas escrituras budistas é dito que existem quatro comunidades: os monges, as monjas, os leigos e as leigas. Mas eu também incluo elementos que não são humanos na Sangha. As árvores, água, ar, pássaros e assim por diante, podem também ser membros da nossa Sangha. Uma linda trilha também pode ser parte de nossa Sangha. Uma boa almofada também. (...) É dito no Sutra da Terra Pura que, se estivermos atentos, quando o vento soprar nas árvores, escutaremos o ensinamento dos Quatro Estabelecimentos da Atenção Plena, o Caminho Óctuplo e assim por diante. O cosmos inteiro está pregando e praticando o Buddhadharma. Se estivermos atentos, entraremos em contacto com essa Sangha”

~ Thich Nhat Hanh, Friends On The Path: Living Spiritual Communities.

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