quarta-feira, 6 de julho de 2016

Intimidade


“A intimidade é o interior que escapa a todos os olhares, mas é também o fundo último do real, além do qual não se pode ir e que sem dúvida não se atinge senão após haver atravessado todas as camadas superficiais pelas quais a vaidade, a facilidade ou o hábito sucessivamente a envolveram. É o próprio ponto onde as coisas se enraízam, o lugar de todas as origens e de todos os nascimentos, a fonte e o lar, a intenção e o sentido.

A descoberta da intimidade é coisa difícil e, uma vez encontrada, é necessário ainda que nela nos estabeleçamos. Mas é nela todavia que encontramos o princípio da nossa força e a cura de todos os nossos males. É por a ignorarem que tantos seres humanos procuram a diversão ou crêem poder reformar o mundo pelo exterior. Mas aquele que soube penetrar na intimidade não mais aceita dela ser expulso: e para ele todos os prestígios da diversão e da acção exterior se encontram abolidos”

~ Louis Lavelle, L’erreur de Narcisse, 2003, p.56.

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