quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Declaração - Outro Portugal Existe


Não foi possível reunir e validar até hoje, 24 de Dezembro, as 7500 assinaturas necessárias para formalizar a minha candidatura-movimento Outro Portugal Existe à presidência da República em 2016. A minha decisão tardia, a escassez de recursos e muitos outros factores, externos e internos, contribuíram para isso. Entre eles destaco o total boicote da comunicação social e, facto inédito na minha longa vida de escritor com mais de 40 livros publicados, a recusa dos principais livreiros em aceitarem o livro com os manifestos e textos desta candidatura-movimento, Outro Portugal Existe. Estou-lhes profundamente grato, pois isto confirma que estou e estamos no bom caminho. Agradeço também, do fundo do coração, às personalidades que apoiaram oficialmente e às imensas pessoas que em todo o país assinaram, se voluntariaram para recolher assinaturas e enviaram mensagens de apoio incondicional. Eles mostram que realmente Outro Portugal Existe e que isso é o mais importante.

Se a formalização da candidatura não foi possível, o seu assumido objectivo principal, lançar o movimento informal e apartidário Outro Portugal Existe, foi conseguido. A candidatura era claramente apenas um meio para lançar este movimento e dar-lhe maior visibilidade. No decorrer deste processo e dos contactos havidos confirmou-se que existe um Portugal profundo que está bem mais vivo do que o decadente, moribundo e medíocre Portugal oficial dos governos e oposições, dos partidos, das corporações e dos lobbies de interesses que manipulam a comunicação social. É a esse Portugal profundo que o movimento OPE continuará a dar voz, contribuindo para uma ampla plataforma de pensamento e acção que desperte a sociedade civil para o exercício da cidadania fora da política convencional e dos quadros partidários. Importa aproximar todos aqueles que, nas mais diversas áreas, promovem alternativas éticas, saudáveis e sustentáveis que convergem para a mudança do paradigma e para a superação criativa da crise cultural e civilizacional em que nos encontramos.

O movimento OPE assume como novo desígnio para Portugal o Bem da Terra e de todos os seres vivos e continuará a introduzir no espaço público temas de vanguarda como a política da consciência e do coração, a necessidade de reinventar a democracia - pois a democracia representativa falhou e já não representa metade da população portuguesa, que se abstém ou vota branco e nulo por não se rever na partidocracia reinante - , uma economia solidária e sustentável alternativa ao mito do crescimento económico ilimitado, o Rendimento Básico Incondicional, o reconhecimento dos direitos intrínsecos da Natureza e de todos os seres vivos, pedagogias alternativas, a introdução da meditação nas escolas e nos cuidados de saúde, a autogestão local e regional e a soberania alimentar, o diálogo entre culturas, religiões e irreligiões, a espiritualidade laica no sentido do despertar fraterno e activo da consciência, entre muitos outros.

Os movimentos alternativos constituem hoje, em Portugal e em todo o mundo, o grande Movimento que rompe com os quadros da política convencional, partidária e eleitoral. As pessoas começam a descobrir que a mudança não vem por decreto e que não necessitam de depender de eleições, governos e partidos para serem e realizarem desde já nas suas vidas, de modo solidário e cooperativo, aquilo que de melhor querem ver no mundo. Outro Portugal Existe é a expressão entre nós deste movimento mundial rumo à reinvenção consciente, amorosa, compassiva e criativa da aventura humana na Terra. Há que fazer da Crise uma Festa.

Como disse Pessoa: É a Hora!

Saudações fraternas e votos de que este Natal seja o Nascimento do que há de mais precioso em todos e cada um de nós: a consciência de sermos irmãos do Cosmos, da Terra e de tudo quanto vive!

24 de Dezembro de 2015

Paulo Borges

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