quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A vida não corre de acordo com as nossas expectativas?

Frequentemente sofremos por a vida não correr de acordo com as nossas expectativas. E quase sempre responsabilizamos os outros, o que muitas vezes é uma forma de camuflar e fugir ao sentimento incómodo de culpa por não nos acharmos suficientemente capazes. E os outros podem ser os maus, os injustos, a sociedade, a educação, o pai e a mãe, o marido ou a mulher, o governo, a oposição, Deus, o Diabo, os deuses, os demónios, os astros, o karma, o destino, a vida, etc....

Tudo culpamos por a vida não correr de acordo com as nossas expectativas. Mas raramente colocamos em causa as próprias expectativas que temos ou o sentido de haver expectativas. Na verdade, porque haveria a vida de correr de acordo com as nossas expectativas? Porque não sermos antes nós a correr de acordo com as expectativas da vida? E porque teremos de ter expectativas? Porque não nos será dado a cada instante tudo o que necessitamos para estar bem e ser felizes, desde que as necessidades básicas da existência estejam asseguradas? Porque haveremos de multiplicar projectos, exigências e ansiedades? Porque haveremos de trocar o prazer de (entre-)ser, com tudo e com todos, sempre presente e acessível, pelos sempre ausentes, incertos e fugazes objectos do desejo? De que nos queixarmos, a não ser de sermos mentes mimadas, que alimentam todo o tipo de caprichos e depois fazem birra e amuam por não os verem realizados?

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