Cada vez mais pensamos, vemos e ouvimos. Cada vez menos sentimos, tocamos, cheiramos e saboreamos. Dizemos: já pensaste, já viste, já ouviste?, mas raramente: já sentiste, já tocaste, já cheiraste, já saboreaste? Somos cada vez mais amputados emocionais e sensoriais:
“Se repararmos, os meios que lideram a comunicação humana contemporânea (da televisão ao telefone, do e-mail às redes sociais) interagem apenas com aqueles dos nossos sentidos que captam sinais à distância: fundamentalmente a visão e a audição. Origina-se assim uma descontrolada hipertrofia dos olhos e ouvidos, sobre os quais passa a recair toda a responsabilidade pela participação no real. “Viste aquilo?”, “já ouviste a última do...”: os nossos quotidianos são continuamente bombardeados pela pressão do ver e do ouvir”
- José Tolentino Mendonça, A Mística do Instante. O tempo e a promessa, Prior Velho, Paulinas Editora, 2014, p.22.
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