terça-feira, 4 de março de 2014

"Graças à meditação, fui descobrindo que não há eu e mundo, mas que mundo e eu são a mesma e única coisa"


“Quanto mais virmos a nossa radical mutabilidade e a nossa interdependência com o mundo e com os outros – e isso até ao ponto de podermos dizer “eu sou tu” ou, então, “eu sou o universo” - , tanto mais nos aproximamos da nossa mais radical identidade. Portanto, para nos conhecermos, não precisamos de dividir e separar, mas de unir. Graças à meditação, fui descobrindo que não há eu e mundo, mas que mundo e eu são a mesma e única coisa. A consequência natural desta constatação – e não creio que seja preciso ser bruxo para o adivinhar – é a compaixão para com todo o ser vivente: não prejudicar nada nem ninguém porque nos apercebemos de que, em última instância, nos prejudicamos a nós próprios se o fizermos. [...] Tudo o que fazemos aos outros seres e à natureza fazemo-lo a nós. Pela meditação, foi-me sendo revelado o mistério da unidade”

- Pablo d’Ors, A Biografia do Silêncio. Breve ensaio sobre meditação, Prior Velho, Paulinas Editora, 2014, pp.36-37.

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