quarta-feira, 28 de agosto de 2013

“Porque é que o homem do Ocidente quer sofrer essa paixão que o fere e que toda a sua razão condena? Porque é que quer esse amor cujo fulgor não pode ser senão o seu suicídio?"


“Porque é que o homem do Ocidente quer sofrer essa paixão que o fere e que toda a sua razão condena? Porque é que quer esse amor cujo fulgor não pode ser senão o seu suicídio? É porque ele se conhece e se põe à prova sob a acção de ameaças vitais, no sofrimento e no limiar da morte. O terceiro acto do drama de Wagner [Tristão e Isolda] descreve bem mais que uma catástrofe romanesca: descreve a catástrofe essencial do nosso génio sádico, esse gosto reprimido da morte, esse gosto de se saber no limite, esse gosto da colisão reveladora que é, sem dúvida, a mais inextirpável das raízes do instinto de guerra em nós”

- Denis de Rougemont, O Amor e o Ocidente, Lisboa, Moraes Editores, 1968, p.44.

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