sexta-feira, 29 de março de 2013

“Nenhum político deve esperar que lhe agradeçam ou sequer lhe reconheçam o que faz"




“Nenhum político deve esperar que lhe agradeçam ou sequer lhe reconheçam o que faz; no fim de contas era ele quem devia agradecer pela ocasião que lhe ofereceram os outros homens de pôr em jogo as suas qualidades e de eliminar, se puder, os seus defeitos; o seu ideal deveria ser o de passar anónimo e o de ver com olhar nem sequer indiferente mas agradecido que atribuam a outro o que ele próprio realizou; as tarefas lhe devem ser difíceis porque é o fácil o predilecto reino do Diabo; e se, no fim da jornada, reconhecer que não realizou qualquer sonho que por acaso tenha, console-o ter possibilitado a realização dos sonhos de muitos outros, que, por serem pequenos em âmbito, não eram talvez menores em intensidade, e é isto o que verdadeiramente conta. Político não veio ao mundo para se satisfazer a si próprio: veio para se modelar, veio para se libertar do que lhe era inferior, e não representa num determinado campo senão o que devia ser feito por todos os homens, qualquer que seja a sua especialidade”

- Agostinho da Silva, “As Aproximações” (1960), Textos e Ensaios Filosóficos, II, pp.62-63.  

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