terça-feira, 25 de julho de 2017

Onde é que eu já vi este filme?

Os portugueses estão contentinhos, pelo menos enquanto não virem que isso é a forma de não serem felizes. Portugal ganhou o campeonato da Europa, o Papa veio a Fátima e o Salvador ganhou o Festival da Eurovisão. Portugal está internacionalmente na moda, a economia vive da bolha de gás do turismo e há mais miúdas loiras para os marialvas nacionais mirarem. A esquerda está no poder, os sindicatos não chateiam e as pessoas têm um bocadinho mais de dinheirinho para voltarem ao que mais as ajuda a esquecer que existem: o consumo. A política é a mesma coisa de sempre, só se luta por mudançazinhas e reformazinhas de superfície e o deserto de ideias nunca foi tão vasto. As dezenas de milhares que há poucos anos vieram para a rua voltaram à vidinha de sempre e ninguém aspira a uma mudança profunda. O sistema sabe manter-se, recorrendo ora à direita, ora à esquerda e normalizando os que dizem lutar por causas, mas na verdade só lutam por retoques na cosmética de si borrada da sociedade de consumo e bem-estar, não de bem-ser. Na verdade é de uma mudança de ser que se precisa, mas isso ninguém quer e a política e a economia não o podem dar, porque são feitas para gerir o que está e não deixar que mude. Os portugueses estão como mais gostam: num paraíso artificial de sol, bejecas e piaditas impotentes. Até à próxima crise. Onde é que eu já vi este filme?

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