quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Viver no Fulgor ou na sombra de si mesmo?

Consideramos acontecimentos importantes e especiais o início de um relacionamento, a conclusão de um curso, o nascimento de um filho, o obtermos um emprego ou uma promoção, o comprarmos um carro ou uma casa, uma festa com os amigos, uma viagem ou a morte de alguém próximo. E consideramo-los tão importantes e especiais que vivemos em função deles e desprezamos ou aborrecemo-nos com o que (não) acontece entre esses acontecimentos que julgamos fundamentais. Mas que têm eles de mais importante ou especial do que estarmos aqui e agora a respirar, a olhar para o céu ou para o que estiver à nossa frente, a apanhar sol ou chuva, a passar a mão nas teclas do computador ou no pêlo de um animal, a beber um copo de água ou do que for, a ver estes pensamentos fluir no espaço aberto da consciência e a nada fazer senão ser? Não será infinitamente especial toda e a mínima experiência da vida? Não será o que fazemos ou não a cada instante o momento e a oportunidade cruciais da nossa vida? Não será o mais especial de tudo a atenção plena à própria vida, morte incluída? Viver assim é viver no Fulgor. Viver na memória ou expectativa de acontecimentos especiais é ser sombra de si mesmo.

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