quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Ser "culto" é muitas vezes o fim da Cultura

Outrora havia muitos analfabetos, que não sabiam ler nem escrever línguas humanas, mas ainda podiam ler e comunicar os sinais das coisas vivas: o pulsar da terra, os avisos do vento, as metamorfoses das nuvens, os ritmos das águas, o brilho dos astros, as expressões das pedras, as emoções das plantas, os sentimentos dos animais, as solicitações dos espíritos, os fluxos do invisível. Hoje há cada vez menos desses analfabetos, mas superabundam os analfabetos letrados e diplomados que só sabem ler, escrever e comunicar palavras (e mesmo assim dificilmente), mas ignoram de todo as múltiplas línguas e linguagens em que os seres e as coisas do mundo constantemente nos falam e comunicam. Ser “culto” é muitas vezes o fim da Cultura.

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