segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Breve análise dos resultados das eleições para a presidência do PAN

Foi ontem eleito presidente do PAN em eleições directas o rosto de um grupo que montou um esquema para acabar, no próximo Congresso, com a figura do presidente e com as eleições directas, tendo por isso concorrido a presidente em eleições directas... :)

Numa eleição em que havia dois candidatos, e portanto razões acrescidas para os filiados irem votar, o novo presidente foi eleito com 109 votos, cerca de 13% de um partido que conta com mais de 800 filiados (escasso resultado, para tanto esforço com telefonemas, almoços e contactos). A Direcção anterior, que foi a única lista concorrente, teve 115 votos numa altura em que o partido tinha cerca de 600 filiados, conseguindo cerca de 20% dos votos possíveis. Nestas eleições, o total dos votantes não chegou sequer a 20% dos filiados.

Ou seja, no PAN a maioria é cada vez mais representada e governada por uma minoria ainda menos representativa do que aquela que elege os partidos e candidatos vencedores nas eleições Legislativas e Presidenciais nacionais. Mas a isto chama-se democracia representativa.

Responsabilidade de quem se abstém? Sim. Mas só de quem se abstém? Não será coresponsabilidade dos candidatos e do próprio partido, que não leva os filiados a sentirem que é importante no mínimo votarem? E não será a própria democracia representativa a mostrar a sua profunda crise?

Legitimidade de quem é eleito? Sim, regulamentar e formal. A mesma que têm neste momento Cavaco Silva e o PP/PSD, eleitos para governar, influenciar e prejudicar a vida de toda a população com uma pequena minoria de todos os votantes possíveis. Mas haverá verdadeira legitimidade moral? E pensarão os “vencedores” nisto? Interrogar-se-ão sobre o sentido, o fundamento e a legitimidade da sua “vitória”? Duvido. Não parece (Não me excluo desta reflexão crítica, pois também fui eleito, com a Direcção anterior, por uma minoria de todos os filiados do PAN).

Assim vão as coisas na política e na democracia. A Vida felizmente segue o seu curso. Inteira. Sem partidos.

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