terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O amor como fim das fronteiras


“Concedam-me a vossa indulgência enquanto especulo, meio a sério, que a vida bacteriana é a de uma quase constante felicidade extática, afim a um estado perpétuo de união sexual com o universo. Quando nós, humanos, nos envolvemos no relacionamento sexual, recuperamos, por alguns momentos, um estado de ser que foi outrora a linha de fundo da existência num tempo de maior união e menor separação. Quando “fazemos amor” deixamos cair as nossas fronteiras em muitos níveis. O eufemismo é apropriado, nada sendo o amor senão uma libertação das fronteiras que nos separam de outro ser. Uma vez que as bactérias mantêm tais fronteiras com muito menor vigilância do que os organismos nucleares, pode-se dizer delas que estão nessa medida em muito maior união amorosa com o mundo. Quão mais extaticamente feliz seria o estado que não admite quaisquer fronteiras, nem sequer as fronteiras homeostáticas de uma membrana bacteriana, ao qual se dá o nome de consciência cósmica, unidade com Deus ou amor universal. Podemos nós considerar a evolução, pela qual o eu se divide do todo e compete contra outros eus para sobreviver, como um distanciamento progressivo desse estado?”

- Charles Eisenstein, The Ascent of Humanity. Civilization and the Human Sense of Self, Berkeley, Evolver Editions, 2007, p.41.

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