segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A epidemia do narcisismo...


A loucura a que chegámos...

“Alguns exemplos suplementares bastarão para dar conta das proporções atingidas pela epidemia do narcisismo. Nos Estados-Unidos, podem-se alugar os serviços de uma limusina, de um agente publicitário e de seis paparazzi que vos acompanham numa noite e em lugares públicos, vos metralham como se fossem uma celebridade enquanto gritam o vosso nome para que vocês olhem para a objectiva, o que tem como efeito atrair todos os olhares sobre vós. Impressionados, os transeuntes tiram-vos fotos com o seu portátil, enquanto no restaurante o chefe de mesa vos dá imediatamente a melhor mesa e vos trata com as maiores considerações. No dia seguinte, a agência dá-vos um exemplar de uma pseudo-revista “Gente” inteiramente consagrada a vocês e da qual fazem a capa. Tudo isto pela modesta soma de 3 000 dólares. A agência que organiza esta encenação «Celeb 4 A Day” («Célebre por um dia») está em plena expansão. A sua publicidade anuncia: «O nosso credo é que o Senhor e a Senhora Todo-o-Mundo merecem tanta atenção, senão mais, que as verdadeiras celebridades»”

“Segundo uma sondagem realizada em 2006, tornar-se célebre é a ambição principal dos jovens nos Estados-Unidos (51% da população de vinte e cinco anos). Um adolescente a quem se perguntou: «Que queres tu ser mais tarde?», respondeu: «Célebre». «Célebre em quê?» «Isso não tem importância, quero simplesmente ser célebre» […]
Mesmo a criminalidade é um meio de se tornar famoso, quando nenhum outro procedimento parece possível. Robert Hawkins, que matou nove pessoas num supermercado em Omaha, no Nebraska, em Decembro de 2007, escreveu, antes de cometer os seus assassínios e de se suicidar: «Imaginem só como me vou tornar célebre!»”

- Matthieu Ricard, Plaidoyer pour l’altruisme. La force de la bienveillance, Paris, NiL éditions, 2013, pp.325-326.

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