segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Despertemos e veremos que não há solução, porque não há problema

Todos os problemas e sofrimentos com que a humanidade milenarmente se confronta, e que a tornam a mais terrível predadora de si mesma, dos seres vivos e do planeta, assentam num equívoco fundamental: o de julgarmos existir separados dos outros e do mundo, o de haver uma brecha entre nós e a realidade, o de trazermos um vazio e uma carência na alma. É por isso que passamos o tempo das nossas vidas a tentar dramática e angustiadamente preencher esse vazio e suprimir essa carência com todo o tipo de coisas: poder, riqueza, prazer, fama, sexo, distracções, tecnologia, ciência, religião, arte, literatura, cultura, espiritualidade, filosofia, moral, política, etc. Mas tudo isso, se for procurado com esta atitude, só gera mais ilusões e dependências que nos deixam sempre mais frustrados, pois nada disso resulta. E nada disso resulta porque jamais houve realmente qualquer separação, brecha, vazio ou carência. Nunca deixámos de ser plenos, vastos e infinitos como o universo. Apenas deixámos de o experimentar, neste sonho da consciência a dormir embalada nas crenças socialmente dominantes. Despertemos pois e veremos que não há solução, porque não há problema.

Mas antes, durante e depois do despertar não esqueçamos quem dorme e os pesadelos por que passa: fome, sede, violência praticada e sofrida, pobreza e apego à riqueza, tortura física, emocional e mental. Sejamos despertos e solidários, sábios-compassivos, em relação a todos os seres. Acudamos a pôr fim a todo o sofrimento, por todas as vias possíveis, mas saibamos que o melhor que podemos oferecer a alguém é o estímulo-convite ao despertar da consciência para a plenitude que desde sempre e para sempre nos habita.

Sem comentários:

Enviar um comentário