sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O que é um caminho "espiritual"? Para uma desconstrução dos delírios "New Age"

Abundam nos dias de hoje todo o tipo de ideias confusas, fantasistas e delirantes sobre o que é um caminho “espiritual”, vindas sobretudo de quem faz saladas e cocktails espirituais, esotéricos ou místicos com elementos díspares das várias tradições da humanidade, descontextualizados e combinados por sua conta e risco (e risco de outros) e sem a mínima orientação de mestres, professores ou instrutores credíveis. São essas saladas e cocktails que todo o tipo de self-made gurus vende no grande bazar do nosso tempo, onde a mercantilização também chegou às coisas do espírito e onde, sob o rótulo da New Age e de uma suposta evolução colectiva caída do céu, se pretendem legitimar todos os delírios.

Há todavia indicadores básicos e seguros, atestados pelas grandes tradições da humanidade e baseados na experiência milenar de praticantes evoluídos, de que se segue um caminho “espiritual”, ou seja, não religioso, mas de emancipação e desenvolvimento da consciência para além da ficção do ego e das ficções do ego. Um deles, presente na via do Buda, é o de nos estarmos progressivamente a emancipar das oito preocupações mundanas: apego ao ganho e aversão à perda, apego ao prazer e aversão à dor, apego ao elogio e aversão à censura, apego à fama e aversão ao desprezo. Isto, a par do crescimento de um amor e compaixão incondicionais por todos os seres, humanos e não-humanos, incluindo adversários e inimigos, é um sinal seguro de que, nestes tempos confusos de tantos falsos profetas, não nos estamos a auto-enganar nem a enganar os outros.

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