segunda-feira, 27 de maio de 2013

Qual o "objectivo último" das sociedades humanas e, particularmente, da sociedade portuguesa?



“O sistema ético em vigor na sociedade exerce sempre a função de organizar ou ordenar a sociedade, em vista de uma finalidade geral. Não existe ordem social desvinculada de um objectivo último, pois é justamente em função dele que se pode dizer se o grupo humano é ordenado ou desordenado; se se está diante de uma reunião ocasional de pessoas, ou de uma colectividade organizada. Ordem é um conceito relacional, subordinado à definição de uma finalidade”

– Fábio Konder Comparato, Ética. Direito, moral e religião no mundo moderno, São Paulo, Companhia das Letras, 2006, p.23.

A questão é: qual o "objectivo último" das sociedades humanas? E, particularmente, da sociedade portuguesa?

3 comentários:

  1. Poderá dissociar-se o objectivo último da sociedade portuguesa do das restantes ou deverá enquadrar-se essa questão específica na "missão" universalista de mediador e liderança da segunda modernidade como o Paulo tem defendido, na linha dos grandes pensadores que cita do seu último artigo publicado na CAIS?
    Não fugindo à pergunta, o objectivo último talvez seja a realização plena dos indivíduos que a constituem, nas suas múltiplas dimensões.
    Para que a condição subjacente à segunda seja a que atrás identifiquei, para que lideremos novamente o "mundo", creio que, colectivamente, teremos de despertar para uma nova consciência, para uma ética que conduza ao resultado pretendido. E só depois da sua materialização prática no dia-a-dia, poderemos ser seguidos.
    Agora, já não há um caminho por descobrir nem um pote de ouro (ou de especiarias) no final deste, por isso a mobilização é mais complexa, parece-me a mim, porque "obriga" a uma "auto-deseducação" consciente e lenta que implica esforço e confronto permanente a cada um. Assumir que se está em queda livre não é fácil mesmo acreditando que não há chão. É um acto de fé. Mas como todos os actos de fé, dado esse passo, a convicção que sustenta a acção é tranquilamente poderosa.

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  2. Creio que não se podem dissociar, caro João, mas coloquei a questão por ser a que mais imediatamente nos toca. Creio todavia nessa potencialidade de mediação da cultura portuguesa e lusófona, se formos capazes de uma grande e prévia mudança ética, a qual exige certamente essa "auto-deseducação" de tudo o que estamos habituados a ter por importante e que o não é. Só um novo ser humano pode criar uma nova civilização. Um abraço

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  3. Caro Paulo, deseducação não deveria significar falta dela. Corrijo a minha falta dando-lhe um abraço pelo "feed" anterior. Pelo pouco que vou conhecendo da nossa cultura, especialmente do pensamento mais recente (tento recuperar o tempo perdido, como se isso fosse possível!)também acredito nesse potencial, nessa dimensão humanista e universalista que carregamos. Mas como encurtar o espaço entre esses valores e aqueles que agora nos dominam socialmente? Como fazer regressar o homem português a essa sua matriz?...
    Abraço

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