Cada vez mais descubro e fico
fascinado com as pérolas da sabedoria planetária não-ocidental, neste caso
concreto perante o espectáculo da exaltação de uns e da depressão de outros após
o Porto – Benfica de ontem… Cada vez mais estou convencido da praga que foi e é
a globalização dos valores e costumes europeus-ocidentais, neste caso a
competição com o objectivo de vencer e derrotar o outro, que domina tudo, desde
a educação ao desporto, à economia e à política. E cada vez mais me convenço de
que a única saída para o Ocidente é ter a humildade de reaprender tudo ou quase
tudo com as culturas que sobreviveram ao seu imperialismo e que durante séculos
humilhou e espezinhou.
“Na Nova-Guiné, os Papuas
Gahuku-Kama adoptaram com entusiasmo o futebol, mas adaptaram-no aos seus
valores culturais. Excluiu-se haver um ganhador e um perdedor. A partida
prolongava-se, era suspensa e retomava-se até que as contas estivessem
equilibradas. Isso não impedia em absoluto a excitação de cada golo e a exaltação
dos heróis do jogo. Cada partida reforçava a reputação e a satisfação dos dois
campos, mas a agressividade era facilmente conjurada"
- Serge Latouche, L’Occidentalisation du Monde. Essai sur la signification, la portée et les limites de
l’uniformisation planétaire (1989), Paris, La Découverte, 2005, p.76.
A mundividência ocidental propagou-se, tal como uma praga e está, dia após dia, a um ritmo alarmante, a eliminar quaisquer vestígios de diferença na espécie humana. No dia em que a última cultura, verdadeiramente diferenciada morrer, é o dia em que a nossa individualidade morre e com ela morrem as nossas opções por modelos divergentes do modelo em vigor.
ResponderEliminarTemo que esa reaprendizagem se venha a fazer às custas de um sofrimento pesado, caso não haja a permuta e implementação dos saberes fraternos.
ResponderEliminarMas, sobre isso, bastaria ver, na Natureza, o caso da ligação covalente, por exemplo no Hidrogénio: a partilha cooperante é a condição de possibilidade da estabilidade interactiva.
Abraço
A